Comentário à Missa deste fim de semana
Domingo XXV tempo comum (21 setembro de 2014)
A liturgia do 25º Domingo do Tempo Comum,
faz-nos lembrar que os caminhos e pensamentos de Deus estão muito acima dos
nossos. Daí que resulte num insistente apelo à conversão dos esquemas deste
mundo que por causa da injustiça que provocam estão muito longe da vontade de
Deus. Mais ainda se converte este apelo à necessidade de andar alguém a pensar
que pode dominar o coração e vontade Deus. Nenhuma criatura deste mundo tem
poder para tal. O querer de Deus é um grande mistério, por isso, nada nem
ninguém se pode dar ao luxo de considerar que pode impor, pelo domínio e pela
força, um desejo que achou ter descortinado de Deus.
O primeiro texto tirado do profeta
Isaías pede aos crentes que «voltem para Deus», isto é, que deixem todas a formas
de pensar e de agir que estão contra um «querer» de Deus que radica sempre no
bem universal contra todas as formas de poder que marginalizam e escravizam. A
palavra do profeta insiste na necessidade de encontrar a lógica da relação de
uns para com os outros baseada na lógica dos valores de Deus que são sempre de
libertação contra toda a opressão que este mundo sempre vai impondo.
No segundo texto da missa deste domingo
temos o exemplo de um cristão, Paulo, que confessa até onde já chegou a fé que
abraçou: «Porque, para mim, viver é Cristo e morrer é lucro» (Fil 1, 21). Esta
ideia representa que de forma exemplar o Apóstolo quer mostrar-nos como
funciona em si a lógica de Deus, renunciou aos seus interesses pessoais, a todo
e qualquer egoísmo e comodismo, e colocou no centro da sua vida Jesus Cristo, a
Sua Palavra, os Seus valores, e o Seu projecto universal de salvação.
No Evangelho, Jesus inverte toda a
lógica deste mundo que considera que quem mais dá mais deve receber. No campo
da fé e da salvação, Deus concede esse dom como lhe aprouver, sem medida de
peso nem muito menos de tempo, são uma intensidade que se descobre em qualquer
momento da vida. A Deus interessa que todos cheguem lá.
Não conta a longevidade da fé, os
créditos em depósito das muitas rezas e devoções cumpridas, as qualidades e os
comportamentos realizados antes, interessa essencialmente para Deus é que cada
um de nós se descubra no caminho do bem e por aí realize ações que sejam
benéficas para a construção da beleza do mundo onde está a realizar a sua
existência. Todos os lugares são «a vinha de Deus» e nós os trabalhadores desse
vinhal, contratados para produzir o néctar saboroso da paz, da amizade, da
justiça e da fraternidade.
A Deus interessa que cada um corresponda
pelo melhor de si ao convite para se achegar a esse «trabalho» da vida,
abdicando dos interesses puramente pessoais que se mal conduzidos redundam no
egoísmo puro e duro. Também para nada serve estar neste «serviço» de Deus
movido pela lógica da inveja que destrói a relação. Mais importa trabalhar em
qualquer circunstância animado pela força do amor, para que na hora da
recompensa a festa da felicidade possa sanear qualquer ponta de ciúme quando
Deus conceder para todos sem descriminar o dom da plenitude da vida para todos.
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