Passagem do discurso do Papa Francisco aos líderes
religiosos neste domingo (21 de setembro de 2014) na Albânia… Essencial para a
paz no mundo o que diz o Papa sobre a liberdade religiosa. Aliás, país elogiado pelo
Pontífice pela coexistência pacífica entre religiões diversas. Que seja um exemplo para o mundo inteiro.
A liberdade religiosa não é
um direito que se possa garantir apenas pelo sistema legislativo vigente,
embora este seja necessário; a liberdade religiosa é um espaço comum, um
ambiente de respeito e colaboração que deve ser construído com a participação
de todos, incluindo aqueles que não têm qualquer convicção religiosa.
Permito-me indicar aqui duas atitudes que podem ser de particular utilidade na
promoção desta liberdade fundamental.
A primeira é ver em cada
homem e mulher – mesmo naqueles que não pertencem à tradição religiosa própria
–, não rivais e menos ainda inimigos, mas irmãos e irmãs. Quem está seguro das
próprias convicções não tem necessidade de se impor, de exercer pressões sobre
o outro: sabe que a verdade tem a sua própria força de irradiação. No fundo,
todos somos peregrinos sobre esta terra e, nesta nossa viagem enquanto anelamos
pela verdade e a eternidade, não vivemos como entidades autónomas e
auto-suficientes – quer se trate de indivíduos, quer de grupos nacionais,
culturais ou religiosas – mas dependemos uns dos outros, estamos confiados aos
cuidados uns dos outros. Cada tradição religiosa deve conseguir, a partir de
dentro, dar-se conta da existência do outro.
Uma segunda atitude é o
compromisso a favor do bem comum. Sempre que a adesão à própria tradição
religiosa faz germinar um serviço mais convicto, mais generoso, mais altruísta
à sociedade inteira, verifica-se um autêntico exercício e crescimento da
liberdade religiosa. Esta apresenta-se, então, não só como um espaço de
autonomia legitimamente reivindicado, mas também como uma potencialidade que
enriquece a família humana com o seu progressivo exercício. Quanto mais se está
ao serviço dos outros, tanto mais se é livre!
Olhemos ao nosso redor! Como
são inúmeras as necessidades dos pobres, quanto precisam ainda as nossas
sociedades de encontrar caminhos para uma justiça social mais ampla, para um
desenvolvimento económico inclusivo! Como tem necessidade o espírito humano de
não perder de vista o sentido profundo das experiências da vida e de recuperar
a esperança! Nestes campos de acção, homens e mulheres inspirados pelos valores
das suas próprias tradições religiosas podem oferecer uma contribuição não só
importante mas insubstituível. Este é um terreno particularmente fecundo também
para o diálogo inter-religioso.
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