Eco reflexivo do Congresso sobre os 500 anos da Diocese do Funchal...
O maior desafio da Igreja Católica hoje
deve ser o da sua relação e convivência saudável com a comunicação social. Durante
imenso tempo a Igreja através dos seus membros esteve convencida que podia impor
ab eterno a sua reflexão sobre a visão apocalíptica dos meios de comunicação
social. É óbvio que tal pregação falhou redondamente. Hoje continua a braços
com este desafio. Anda à procura do modo como lidar com todos os meios de
comunicação que proliferam a um ritmo estonteante e com contornos tão
diversificados que quase se torna impossível acompanhar.
Quantas vezes andam alguns membros da
Igreja Católica concentrados no mais primário, desejam que os órgãos de
informação passem só o que é positivo ou então pretende que tais meios de
comunicação sejam como que «uma carrinha para transportar Bíblias» (Padre
António Rego), publiquem fotografias, façam reportagens e vídeos das festas ou
mensagem cozinhada ao gosto de uma pessoa ou de um grupo. Esta postura
completamente distorcida, soa a ridícula e é motivo de charadas com gargalhadas
à mistura entre os profissionais dos meios de comunicação social.
Mais grave é que a meu ver, uma
instituição que ainda não aprendeu a comunicar internamente nunca vai saber
comunicar para o exterior. Jesus no Evangelho de Mateus sem revelar os métodos,
porque os remeteu à inteligência e ao engenho humano, mandou: «O que vos digo
na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o
sobre os telhados!» (Mt 10,27). É preciso começar já internamente para depois
ser feito com eficácia exteriormente sem qualquer medo nem muitos menos com a
mania da diabolização mais o terrível maniqueísmo absurdo.
Um grande mestre da comunicação próximo
de nós, o Padre Tiago Alberione, alertou: «Hoje não basta a pregação nas
igrejas, é preciso usar todos os meios. Realmente, em poucos anos o mundo transformou-se
e nós, para caminharmos com o mundo, precisamos atualizar-nos. É necessário
usar o cinema, a rádio, a imprensa, a televisão e todos os outros meios que o
progresso humano inventar, para podermos comunicar a Boa-Nova do Evangelho».
Aqui está a lucidez de quem percebe que a necessidade de atualização deve ser
uma postura constante na vida da Igreja Católica.
Todos nós como Igreja, não devemos ter
medo da comunicação multifacetada e que nada nos trave quanto ao anúncio profético
da mensagem da salvação. A Igreja é de todos e para todos, não vale que no seu
interior se cultive direitos e deveres desiguais. Nada de segredos patéticos.
Nada de continuarmos com a terrível mania de que alguns são mais iluminados do
que os restantes. Por isso, aos mais diretamente responsáveis na Igreja por
essa missão da comunicação que se deixem do segredo e do obscurantismo, anime-se
com alegre esperança à riqueza enorme da ação do Espírito Santo que está em
todo o lado, mesmo até naqueles lugares onde a comunicação algumas vezes não nos
agrada.
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