Farpas no Banquete
semanário italiano Internazionale, que apresenta na
capa um ovo estrelado sobre um fundo negro. A gema é o nosso planeta, siamo
fritti
3.
O realizador
português Manoel de Oliveira celebra hoje o 104º aniversário, num ano em que
estreou o filme «O gebo e a sombra», fica decretado que este português
imparável durará pelo menos tanto ou mais que Abraão que somou mais de 700 anos
(não será necessário dizer que a contagem dos anos era distinta da actual…).
Muitos parabéns ao cineasta que admiro muito.
4.
Pagámos 44,5
milhões em juros e comissões este ano. Dizem que ainda não é o valor final. Os
nossos impostos são em grande parte para pagar dívidas aos bancos, mas os resultados
estão à vista de todos. Escolas na miséria essencialmente com alunos esfomeados
e sem o material necessário para estudarem condignamente. Os hospitais estão sem
medicamentos e sem o material necessário ao seu funcionamento com dignidade
para todos, funcionários e doentes. Desemprego a um nível elevadíssimo, o que isto
implica de pobreza e convida a instalar-se no seio familiar a fome. O que se
decreta aqui então? – Que não tardará nada nos dirão que nem um cêntimo dos
nossos impostos vai para pagar dívidas irresponsáveis e que não há pobreza nem
muito menos pessoas com necessidades prementes para matar a fome (mais à frente
apresentamos a solução para acabar com a fome na Madeira e quiçá no mundo
inteiro).
Outro decreto importante em tempos de debate sobre o
Orçamento Regional. Fica decretado que o
«betão não deve imperar»
Hoje em dia as
pessoas têm medo da palavra ‘caridade’, têm medo de palavras, atribuem
conotações e pesos à palavra ‘caridade’. Na acepção de São Paulo, caridade é
amor, é espírito de serviço, é o outro precisar de nós sem que nós precisemos
do outro e portanto levamos o que ele precisa e não o que nós queremos levar. A
solidariedade é algo mais frio que incumbe ao Estado e que não tem que ver com
amor, mas sim com direitos adquiridos. Infelizmente empobrecemos a nossa língua
atribuindo algumas conotações a algumas palavras e portanto temos medo de as
usar. Sou mais adepta da caridade do que da solidariedade social… Embora
defenda que ambas se completam e ambas fazem parte do bem-fazer» (Isabel Jonet,
Presidente do Banco Alimentar de Lisboa, Jornal I, 11 de dezembro de 2012).
Acho que seríamos todos mais felizes se todas as instituições de «caridade» se
considerassem «instituições a prazo», provisórias e que nos falassem antes de
tudo de justiça, de dignidade do trabalho para que ninguém tivesse necessidade
de estender a mão para pedir e receber paternalmente ou maternalmente ajudas
caridosas, mesmo que estejam ornamentadas com a densidade da palavra «amor».
10. Decretos, que não nos animam, mas que nos
conduzem a um estado de alma terrível onde se conclui: estamos fritos.
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