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terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Procurar Deus - para que Ele seja uma festa em nós

Nas ruas de Londres, as pessoas se deparem com cartazes no exterior dos autocarros com estes dizeres: "There's probably no God. Now stop worring and enjoy your life" (Provavelmente Deus não existe. Então, deixe de preocupar-se e desfrute a vida). Trata-se de uma campanha publicitária a favor do ateísmo, promovida pela Associação Humanista Britânica e apoiada pelo célebre biólogo darwinista R. Dawkins, professor da Universidade de Oxford, ateu militante e, segundo muitos, fundamentalista. A campanha está a ser um êxito, pois rapidamente conseguiu fundos - dezenas de milhares de euros - mais que suficientes para pô-la em marcha. Segundo a jornalista Ariane Sherine, que a tinha sugerido em Junho, "fazer uma campanha em autocarros com uma mensagem tranquilizadora sobre o ateísmo seria uma boa forma de contrabalançar as mensagens de certas organizações religiosas que ameaçam os não cristãos com o inferno". As organizações de ateismo de Barcelona e de Madrid, estão também a ponderar fazer a mesma campanha nestas duas cidades da «toda católica Espanha». Neste contexto, falemos de Deus. Deus não pode ser uma obrigação, mas uma descoberta. Pois, quando Deus é uma obrigação, mais tarde ou mais cedo revela-se um fardo pesado que será recusado absolutamente. O Deus, sem nunca deixar de ser a profunda Alteridade, tem que ser a Imanência, porque o Amigo e o Companheiro que fala e permite a relação de amor incondicionalmente. Frequentemente encontramos muitas mães profundamente angustiadas porque os seus filhos deixaram de praticar a religião ou simplesmente deixaram de acreditar em Deus. É muito angustiante para uma mulher mãe dedicada, que tenha ensinado os seus filhos a rezarem, a virem à catequese e a participarem na missa, mas agora depois de adultos divorciaram-se totalmente dessa educação e outros ainda vão mais longe, ensaiam perante os seus progenitores uma certa forma de descrença pensada. Esta é a recusa de uma determinada ideia de Deus, porque não liberta nem salva de coisa nenhuma. O nosso tempo está cheio de exemplos destes. Existem, penso, muitos factores para este estado de coisas. O primeiro de todos radica no facto de se ter apresentado e ensinado Deus como uma obrigação. Tudo era obrigatório. Rezar era obrigatório. Participar na missa era obrigatório. No fundo, ser religioso era obrigatório. Perante esta obsessão pelo obrigatório, não havia lugar para a liberdade pessoal nem muito menos lugar para a vontade própria e autonomia de consciência pessoal. Assim sendo, Deus nunca era uma descoberta, mas uma obrigação, porque uma regra ou uma lei. Tudo na vida estava em função de Deus que obrigava e não na verdade e profundidade das atitudes que conduziam à verdadeira relação com Deus. O Deus obrigação serviu durante muitos anos a vida, mas hoje face à diversidade das opções e face à multiplicidade dos contornos que a vida actual apresenta, a vivência de Deus e o lugar de Deus só farão sentido quando Deus é uma descoberta. Tendo como pano de fundo estes aspectos, analisemos a vida amorosa das pessoas. Um casal que se apaixona. Porque se terá apaixonado aquele homem por aquela mulher e vice-versa? Que viram um no outro de especial? Qual terá sido a descoberta que cada um fez? Porque pretendem estabelecer relação e comunhão um com o outro? – Ora, precisamente, por isso mesmo que está no pensamento de nós agora neste momento. Estes dois seres humanos apaixonaram-se e pretendem estabelecer relação de comunhão porque se descobriram um ao outro. Um e outro descobriram aspectos de um para o outro que os atraem, por isso, feita a descoberta a sua relação é inevitável e a comunhão surge como um valor essencial para a relação que dá prazer, liberta e enche de esperança. A relação com Deus, mesmo parecendo rudimentar, está ao mesmo nível das considerações que acabamos de fazer. A descoberta de Deus é essencial para a verdadeira relação com Ele. Muitos dos jovens não têm relação com Deus, recusam Deus ou são indiferentes a Deus porque não o descobriram como valor e como caminho que leva ao sentido da vida e a uma verdadeira promoção da dignidade humana. O afastamento das coisas religiosas, tem muito a ver com o materialismo e com a perda de valores do mundo actual, mas não é só. Muitas razões existirão. Porém, depreendemos que procurar razões é muito fácil, mais difícil é encontrar métodos, meios e formas que nos levem a propor Deus como um valor absoluto que conduz os corações a desejarem estabelecer verdadeira relação com Ele. Porém, uma das principais razões, que já vimos, foi a de se ter mostrado Deus como uma lei que imponha tradições e comportamentos religiosos. Esta religiosidade pecou por ser muito pobre e não levou à descoberta de Deus tal como Ele é. Por isso, falta olhar para a ternura do presépio de Belém, vermos aí tal como Deus se apresenta, uma criança pobre e despojada de qualquer auréola que não tenha nada a ver com a profundidade humana. Um Deus pequenino, simples e pobre, como qualquer dos mortais, que nasceu na frieza de uma gruta para não ser motivo de distanciamento em relação a ninguém. Ora, é este Deus próximo que é preciso apresentar como proposta que leve à descoberta, para posterior relação de verdadeira amizade. Uma imagem de Deus frieza, distante da compaixão, da misericórdia e do amor nada tem de verdadeiro. Deus uma lei ou uma regra de conduta não pode ser causa de relação verdadeira, mas antes influência, mesmo que sobrenatural, de comportamentos com base no medo e no receio do futuro. Diante de tudo isto o que é ter fé? – Ter fé é acreditar na possibilidade da vida mesmo diante do absurdo. Nada está perdido perante a força da vida, que nos leva a crer que o futuro não é uma ameaça, mesmo que o agora esteja totalmente minado pela mais cruel miséria. A fé, considera Deus como essa entidade suprema, que dá segurança em relação ao futuro. A descoberta de Deus leva a relação a uma pureza de fé muito bonita. Para quem Descobre Deus, o mundo não caminha para uma catástrofe, mas para uma plenitude

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