Pão quente da Palavra para o domingo
X tempo comum
Os
textos deste domingo pretendem ensinar que a raiz de todos os males não está em
Deus, mas no facto da humanidade prescindir de Deus e abdicar de construir o
mundo a partir de critérios de justiça, paz e solidariedade. O egoísmo e a
auto-suficiência são caminhos que conduzem a humanidade à desgraça, ao
sofrimento e à morte.
O
mistério do mal é o que provoca o maior questionamento na cabeça dos homens e
mulheres em todos os tempos. Este tempo não podia ser excepção. É normal que
assim seja, ninguém deseja o mal, mas pouco fazemos para o evitar. Ele existe
por todo lado.
O
mal resulta das escolhas erradas, do orgulho, do egoísmo e da ganância. O viver
orgulhosamente só, mais tarde ou mais cedo conduz à tragédia, porque os
caminhos humanos sem Deus e sem o amor, constroem enormes cidades de egoísmo,
de injustiças, de pobreza, de marginais, de prepotência, de sofrimento, de
desgraças de toda a ordem…
Os
textos da missa deste domingo ensinam também que deixar Deus de lado e caminhar
fora do Seu projecto de salvação, conduz ao confronto, à hostilidade com os
outros. A seguir emerge a injustiça, a exploração, a insegurança, a desconfiança,
a pobreza, a violência. Os outros deixam de ser irmãos, para passarem a ser ameaças
ao bem-estar e aos interesses pessoais. Tudo isto conduz a guerras terríveis,
que cerceiam a felicidade, a alegria e a festa que Deus deseja para todos.
Daqui
advém a inimizade com todos e com o resto da criação. A natureza deixa de ser
"casa comum" que Deus ofereceu a todos como espaço de vida e de
felicidade, para se tornar um objecto que se explora egoisticamente sem olhar à
sua grandeza, às suas regras, à sua beleza e à sua dignidade. Por isso, todos
estamos a pagar seriamente pelos atentados ecológicos e a exploração desmedida
da natureza que a ganância humana produziu.
São
Paulo apresenta a convicção de que será melhor nos concentrarmos nas
"coisas invisíveis" que são eternas ao invés de estarmos fixados nas
"coisas visíveis" que são passageiras. É muito difícil de se aceitar
isto, mas pensando bem, o Apóstolo tem toda a razão. Mas, acreditemos que Deus,
apesar de todas as nossas limitações, também nos ressuscitará para vida eterna,
exactamente como ressuscitou Jesus Cristo.
Jesus
no Evangelho acerca-se da Galileia para cumprir a Sua missão de anunciar o
Reino. A onda de contestação começa a crescer, os líderes judaicos políticos e
religiosos começam a opor-se à novidade do Reino. As polémicas e controvérsias
marcam esta fase da caminhada de Jesus. Nada que não seja inspirador para nós se
nos empenharmos na luta pela justiça, pela verdade e pelo bem para todos. Não
tenhamos medo.
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