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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Em ano Sacerdotal Reflectir sobre o PADRE

Já lá vai o tempo em que o padre era sinónimo de comodismo, privilégio, transferência e fixação em bens puramente mundanos ou materiais. A vida do padre, normalizou-se, isto é, o padre é olhado como uma pessoa concreta que tem uma missão específica, que recebe de Jesus cristo. Lá se vai o tempo em que o padre era um pobre coitado que se sujeitava a tudo e a todos. Ou então era o senhor da aldeia para quem tudo convergia como se fosse um senhor todo-poderoso. Agora, ou está para as pessoas e com as pessoas ou então não serve para nada.
A chacota que se alimentava da vida do padre também já vai sendo chão que deu uvas. Hoje o padre não é mais o centro da vida das comunidades. É um entre muitos. Hoje o padre não é mais o único, que tudo sabia e pronunciava sentenças boas ou más sobre a vida das pessoas. Hoje, o padre é um entre tantos que descobre o valor e sentido da vida emancipada e livre.
Tudo isto deve ser visto não como uma derrota, mas como algo novo que Deus nos concedeu. É um sinal novo do Espírito Santo, que nos convoca para caminhos novos onde a partilha da vida seja o mote que nos faz assumir apaixonadamente a verdade do Evangelho. Neste sentido, a arrogância, o autoritarismo e a distância angélica são características olhadas com um sorriso de compaixão.
Hoje, a crise vocacional, está a criar uma forte vaga de padres neo-tradicionalistas (em sentido puramente negativo, porque na Igreja a Tradição tem um sentido positivo) e pouco preocupados com as questões sociais, mais espiritualistas e votados às lides da sacristia. Mas, não é deste modo que a Igreja avança e ganha presença consistente nos contornos do mundo.
Afinal, o que é a vida do padre hoje? – É uma forma de ser cristão. Claramente, podíamos responder assim. No entanto, tal resposta levanta muitas questões que inquietam muita gente na Igreja e fora dela. A vida do padre, é uma forma de ser cristão, que implica assumir verdadeiramente o Evangelho de Jesus Cristo. O padre, é um homem encarnado que faz seus os problemas da gente com quem vive, que é capaz de ler, interpretar, discernir a realidade na qual se encontra imerso.
Muito mal andamos nós se o padre não se encontra com as pessoas, se assume uma timidez que o algema ao pensamento único e à sua pseudo autoridade sem nexo nenhum numa Igreja onde a fraternidade deverá ser o princípio essencial da vida. O padre é um servidor e guia que dá a vida pelos outros, impulsionando todos os membros da comunidade ao compromisso segundo a vocação de cada um. Todos, o padre e comunidade, são o círculo à volta de um centro que é a pessoa de Cristo e o Seu Evangelho.

1 comentário:

M Teresa Góis disse...

Gosto da sua visão do "ser Padre" e talvez por isso ponha no seu perfil que gosta muito do que faz. Ser "um entre muitos", "ser um entre tantos", ser Padre como "uma forma de ser cristão". Creio que era essa a apologia de Jesus Cristo.Há poucos colegas seus, e refiro-me ao espaço da ilha da Madeira,que vejam a pessoa do Presbítero desta forma tão simples mas tão concreta, tão humana.