No livro indispensável «A Peste» de Albert Camus, fica claro que a religião do tempo da peste não pode ser a religião de todos os dias.
Esta ideia despertou-me para o fenómeno da
indiferença e do descrédito, tão próprios dos nossos dias, que a religiosidade
desde tempo não pode ser a religiosidade de todos os dias, isto é, uma religiosidade que eventualmente vingou noutros tempos e em contextos da existência humana totalmente distintos dos da atualidade.
Não tenho uma receita para prescrever. Não sou
médico de coisa nenhuma. Mas, estou seguro que a conclusão de Camus se aplica a
todas as pestes. Não podem surtir os mesmos efeitos no nosso tempo, as expressões
religiosas de outros tempos.
Para muita boa gente custa muito perceber isto, principalmente,
os refratários que se organizam em claques clericalistas para combaterem o Papa Francisco e as diversas
tentativas de adaptação da linguagem evangélica face aos tempos de hoje tão
díspares dos tempos idos. Só quem é zarolho por completo, é que não percebe que a vida muda e
se mudam os seus contornos como não deve mudar tudo o que a ela está
relacionado?
Aos tempos onde a existência se tornou tão diferente do passado, é uma exigência que as expressões religiosas sejam necessariamente diferentes.
1 comentário:
Perfeita interpretação que na realidade urge ser efetiva nos nossos dias. Um abraço Pe. José Luís.
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