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quinta-feira, 18 de março de 2010

A falácia dos milagres

Logo vi que iria dar bronca, quando o Bispo do Funchal emotivamente na Sé do Funchal, com lágrima no canto do olho, proferia a homilia, ao lado da imagem de Nossa Senhora da Conceição da Capela das Babosas, levada pelas águas tumultuosas no fatídico dia 20 de Fevereiro de 2010, para que todos acreditassem que estávamos perante um milagre. Lembremos que tal aconteceu por causa do aterro ilegal que funcionava por detrás da capela, que ninguém da Igreja se lembrou de denunciar e tudo fazer para que tal fosse retirado dali, porque ponha em causa as pessoas e os bens.
É preciso a Igreja aprender de uma vez por todas que a linguagem dos milagres não cola mais e deixar este negócio dos milagres de lado. Há coisas inexplicáveis - curas surpreendentes de doenças, umas coisas que se salvam e outras que se perdem, a vida está cheia disso, mas a serem milagres, cuidado com esta linguagem… - face à Ciência e ao pensamento humano e isso basta. Perante isso, façamos silêncio. Outras coisas hão que são obra do acaso da vida deste mundo. Perante isso façamos silêncio.
À Igreja, cabe-lhe anunciar o Mistério do Homem e de Deus. Por Jesus Cristo descobrimentos, que o nosso Deus é cheio de amor pelas Suas criaturas e que em todas as circunstâncias é um Deus que liberta ou salva. Por isso, perante a pior desgraça, lá está o nosso Deus para salvar e não para fazer ainda mais miséria.
O acontecer de muitas coisas não pertence à humanidade determinar, são mistério de Deus acontecer. Vamos então anunciar isso e pregar isso, porque é o que Deus nos pede.
A não ser um grande mistério a nossa vida e o nosso futuro, tudo estava criado sobre uma grande injustiça, nem se compreendia a morte de tantos inocentes e o cercear de vidas tão prematuramente. Deixemos Deus fazer avançar o Seu Plano salvador e contemplemos com fé essa realidade e não nos cansemos de anunciar e viver isso.
Quanto a muitos milagres que se anunciam como tal não passam de negócio e falácias irremediáveis.

11 comentários:

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Padre José Luís, onosso Bispo éum homem muito ligado à temática mariana. E vê em Nossa Senhora, a que nada tem a ver com a Maria Mãe de Jesus, a do Magificat, mas senhoras que vão aparecendo aqui e ali, normalmente nos campos, a crianças analfabetas, todas essas videntes viram a Senhora dizer que era para converter os homens e as nações ateias. Mas nunca a Senhora atacou o sistema capitalista ou fascistas que devora tudo homens e seus bens. E o D.Carrilho vive intensamente essa fantasmagoria das aparições e anda aqui na Madeira com uma imagem chamada virgem peregrina a passear freguesias, igrejas e ruas como pregador e fundador de uma nova forma de fazer igreja : a beatice, terços e lencinhos. É a nova evangelizaçãoa dele, claro. Lá foram o Concílio Vaticano II e o Ecumenismo. Respeito as devoções populares circunscritas aos adros das igrejas, agora, noMundo Moderno deixemos a comunhão entre fé e razão andarem de mãos dadas.Se não seremos novos "roques santeiros".

joaquim disse...

Entristece-me ler um sacerdote com inegáveis talentos, que faz deste seu espaço um ataque permanente à Igreja e ao seu Bispo.
Entristece-me ler um sacerdote, conhecedor das Escrituras, que descrê de Milagres, (como se tudo fosse explicável pela ciência ou o acaso), o que leva a pensar que muito provavelmente também é da opinião de que tudo o que Jesus fez curando os doentes, são “artes” de “psicólogo”.
Não quer dizer que não lhe dê alguma razão, (quem sou eu para lhe dar ou não razão, pobre de mim), que se deve ter cuidado em utilizar a palavra milagres em coisas que o não são.
Entristece-me enfim ler um sacerdote que não tem pelos vistos a dizer nada de bom sobre a Igreja.
Com certeza que não sou adepto de uma Igreja “unanimista”, mas sim de uma Igreja que na sua diversidade sabe encontrar a união para proclamar a Boa Nova aos homens.
Não é assim, julgo eu, com este tipo de escritos, que se edifica uma Igreja mais fraterna e acolhedora, mas antes pelo contrário se afastam aqueles que ainda se estão a aproximar.
Esta mesma Igreja que ao fim de 25 anos de afastamento, divorciado, me acolheu no seu seio e me fez caminhar na vida nova que me enche e dá sentido à vida.
Que Deus o abençoe no seu sacerdócio e o Espírito Santo o ajude a discernir o que deve escrever, como deve escrever, o que deve denunciar, como deve denunciar, e se está a dividir ou antes a unir.
Um abraço em Cristo

Autor do blog disse...

Registo o seu comentário Joaquim, mas não falei nos Milagres de Jesus, que é outro assunto, nem coloquei as coisas em termos de acreditar ou não, quanto à fé de cada um não me atrevo a avaliar, é um assunto de cada pessoa e de Deus. Reflecti, isso sim, sobre o milagrismo que muitas vezes faz parte de algumas pregações e quanto pode ser perigoso esse caminho. Lamento não me ter compreendido e que veja na minha reflexão um ataque à Igreja. A seguir, muito obrigado por dar algum valor ao Banquete da Palavra, mesmo que só leia nele «ataques permanentes à Igreja».

M Teresa Góis disse...

à cerca desta imagem que escapou quase ilesa segundo me pareceu ao vê-la na televisão e agora ampliando a mesma, que é uma imagem feita em madeira.A parte que se partiu seria talvez uma mais saliente, mais frágil por isso. Se é efectivamente de madeira não estranho que enterrada na lama e dada a sua dimensão, aí ficasse recuperável. Se fosse em gesso, barro ou material semelhante, quebrar-se-ia.
Não vejo qualquer milagre. Milagre seria revelarem o número correcto de óbitos e de desaparecidos o que, no decorrer dos anos, se saberá. Oxalá não aconteça como no caso do Pico do Arieiro!

joaquim disse...

Caro Padre José Luís Rodrigues

Peço desculpa porque talvez tenha exagerado ao dizer "ataques permanentes à Igreja", mas foi uma força de expressão.

Se, com toda a frontalidade que é seu apanágio, quiser ler pelos menos a maior parte dos seus últimos textos, verá que em nenhum tem uma palavra de concordância ou de "união" com a Igreja que somos todos nós.


Mas provavelmente é a minha menira de ver.

Quanto aos Milagres queria referir, e mais uma vez peço desculpa por ter extrapolado as suas palavras, em que no mundo de hoje se tende a desvalorizar tudo o que são os Milagres de Deus no nosso tempo, onde para além dos maiores Milagres que são a conversão dos corações às vezes tão empedernidos, (como era o meu), acontecem as curas fisicas perfeitamente inexplicáveis, pois como Jesus mesmo disse, (e não cito a Bíblia, por desnecessário), haveriam de acontecer as mesmas obras que Ele fazia, pois Ele está vivo no meio de nós e o Espírito Santo continua a actuar em nós.

Mas compreendo em parte o que diz e eu sou um daqueles que tenta "lutar" contra uma "visão mágica" da religião, como se fosse um "supermercado" onde só se vai quando é preciso.

Abraço em Cristo

Autor do blog disse...

Compreendo as suas ideias caro Joaquim, mas não quer dizer que se discordamos de alguma Igreja, logo à partida não estamos em comunhão ou unidos a ela. A discordância é saudável, acontece em todos os lugares da vida. Se nos últimos assuntos que tratei no meu blog não podia concordar com a versão de alguma Igreja, pronto discordei, e qual o mal disso? - Lá virá o momento em que estarei de acordo, como acontecer sempre. E cuidado com a ideia que fazemos da Igreja, será que se reduz ao Papa e aos bispos?... Mas, saiba que professo a doutrina católica, porém, que não é apenas as ideias de um Papa ou de um Bispo apenas.

M Teresa Góis disse...

Como é bom ver que do encontro de ideias nasce luz!Penso que, cada um à sua maneira, mais ou menos acomodado, mais ou menos activo, mais ou menos interventivo, mais ou menos leigo no sentido do querer ou não conhecer, todos buscamos os passos de um Irmão mais velho que era simples, sincero, que escandalizou, que amou, chorou, riu, comeu e andou com ostracizados mas frequentava o Templo...É a nossa fragilidade humana que nos faz caminhar.
Gostei da atitude do Joaquim!
E gosto da atitude do P. José Luís que tenta defender a autenticidade da Igreja, sem vendilhões.

Susana Ramos disse...

Repare,
gostava de partilhar consigo o que me veio à mente, depois de ler o seu texto:
Concordo. Não foi um Milagre. Mas... temos de concordar que, ainda que existisse o aterro ou o quer que fosse que potenciou a destruição da Capela e que ceifou vidas humanas... houve muitas pessoas no Monte que sobreviveram para ajudar quem teve menos sorte e perdeu todos os seus haveres, sem ter perdido a vida e o facto é que a Imagem de Nossa Senhora "sobreviveu" intacta no meio de tanta destruição. Deus manifestou-se! Isso é, pelo menos, um Gesto de Amor por quem se salvou. Ou não?

Autor do blog disse...

Susana: o que não sei explicar não explico. Faço silêncio. Para mim o grande milagre é o Plano da Salvação de Deus acontecer na história, como nos ensina o grande São Paulo. Do resto não sei mais. O maior milagre é os crentes saberem contemplar o Mistério e acreditarem nele. E isso bastará para que a vida em Deus e com Deus aconteça.

joaquim disse...

Caro Padre José Luís Rodrigues

Nunca me passou pela cabeça num só momento alguma coisa contrária a esta «Mas, saiba que professo a doutrina católica,».

Tenho um conceito da Igreja que vai para além da hierarquia, ou seja, um conceito que está bem expresso na Lumen Gentium.

No entanto, e nas minhas discordâncias, (que também as tenho), tento sempre resolvê-las em Igreja e colocando sempre como bem maior, em caso de dúvida não esclarecida, o Magistério da Igreja.

Pessoalmente considero este Papa o homem certo para este momento tão dificil que a Igreja está a atravessar, momento esse que mais uma vez nos diz claramente que a Igreja somos todos nós, pobres pecadores.

Um abraço em Cristo

Autor do blog disse...

Muito bem caro Joaquim. Com a bênção de Jesus Cristo, nosso salvador, adiante fazendo o bem.