COMUNGAR LIVREMENTE É OPORTUNIDADE
DE CELEBRAR A UNIDADE EM CRISTO
“Desejei muito comer convosco esta Páscoa…”(Lc.22:14)
Corresponder a este desejo do Senhor, comungar com Ele, juntamente com irmãos e irmãs na fé, sem quaisquer entraves criados por interpretações meramente humanas, é um sonho que gostaria de ver realizado aonde quer que o povo de Deus se reunisse como Igreja.
E, no entanto, é na partilha do pão e do vinho da Ceia que mais nos apercebemos como é longo o caminho que ainda temos de percorrer como cristãs e cristãos até que nos reunamos à mesma mesa do banquete ao qual o Senhor nos convida, celebrando assim, na nossa diversidade – e apesar dela – a Sua morte e ressurreição.
Como viver a unidade sem podermos estar todos reunidos à Mesa do Senhor, partilhando do Seu Corpo e Sangue, celebrando, e “com-celebrando”, a Sua presença real entre nós?
Nos muitos encontros ecuménicos em que participei, essa dificuldade se tem erguido como um muro, separando o corpo de Cristo, tornando, por vezes, os desejos expressos de unidade – porventura verdadeiros e sentidos – balofos e incoerentes.
Na sua carta aos Efésios 2:14-15, o apóstolo Paulo constata aquilo que devia ser evidente para todos os que se dizem seguidores de Jesus Cristo: “Porque Ele (Cristo) é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um (referindo-se aos Gentios/pagãos e aos Judeus); e, derrubando a parede de separação…na sua carne desfez a inimizade…para criar, em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz”(tradução de João de Almeida).
Sabemos que não é fácil ultrapassar os muros que se foram criando na Igreja Cristã, ao longo dos tempos. São muros edificados por mãos humanas, à revelia da vontade divina de que todos sejam um, em Jesus Cristo.
Reconhecer as dificuldades é um desafio para que as ultrapassemos, com verdade e honestidade, sempre guiados pelo Espírito de Deus, que é Amor.
Alguns passos foram e estarão a ser dados nesse sentido. Exemplos disso têm sido os vários esforços de diálogo entre diferentes Confissões cristãs e, actualmente, até entre diversas religiões. Diálogo sempre cauteloso e prudente da parte das instituições religiosas e dos seus líderes… porém, bem mais espontâneo e caloroso do lado de crentes comuns, que assim mostram querer viver a esperança contra toda a esperança. Porque, afinal, a esperança não se vê mas é feita de visões; não se enxerga claramente mas, pela fé, é capaz de vislumbrar o alvo e celebrá-lo, antecipadamente.
Porque me sinto nestas fileiras de idealistas e visionários, eu – tal como outrora Martin Luther King - também tenho um sonho: que todas as barreiras de separação sejam derrubadas quando estivermos perante o Senhor, à sua Mesa.
Eunice Alves
58 anos. Actualmente Pastora Metodista em Braga - embora de raiz Presbiteriana -, trabalhou, na sua juventude, em diversos grupos e organizações de cariz ecuménico, nacionais e internacionais.
2 comentários:
Gostaria de saber o que entende esta irmã Pastora, quando fala em Igreja Cristã?
Se fosse no plural, eu perceberia que estava a falar de todas as Igrejas Cristãs, mas no singular parece referir-se apenas a uma, ou então usa de uma simbologia para significar que apesar das muitas igrejas, haverá apenas uma que será o "somatório" de todas.
Abraço amigo em Cristo
Direi apenas que, muitas vezes, mais do que eu desejaria, é o momento sagrado da Consagração e da Comunhão que me levam às Celebrações.
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