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segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Dia Mundial da Paz. O que é a Paz?

A paz é uma realidade interior e exterior que todos os homens procuram. Alguns autores separam uma paz da outra, mas outros, numa perspectiva mais conciliadora, entendem que uma não é sem a outra. A doutrina da Igreja sobre esta matéria, também entende claramente que a paz exterior é fruto da paz interior. Ou seja, uma não é sem a outra, estão ambas as dimensões da paz ligadas entre si. Santo Agostinho, no Livro 19 da «Cidade de Deus», deu-nos a primeira definição de Paz, que vai influenciar todas as definições posteriores: «A Paz de todas as coisas é a tranquilidade na ordem». Depois procurou exemplificar com nove casos, que vão desde «a paz da alma racional» à «paz dos cidadãos», passando pela «paz doméstica». Em tudo, há que fixar e lidar com dois elementos cruciais: a harmonia e a ordem. A primeira, é a tranquilidade desejada nesse estado de alma que todas as criaturas anseiam. E a ordem, como diz Santo Agostinho, é «a disposição que segundo as semelhanças e diferenças das coisas confere a cada uma o seu lugar». Assim sendo, definiremos, hoje, a paz interior como a tranquilidade do espírito individual, proveniente da ordenação das coisas do mundo e da vida. Sem deixar de mencionar que os aspectos da consciência em comunhão de amizade com Deus, com os homens e com o Universo, são elementos essenciais para esse pleno encontro com a harmonia interior da pessoa. A paz exterior (social) será a boa e tranquila convivência com todas as coisa para tal ordenadas. Porém, o entendimento sobre a paz nem sempre foi pensado desta forma. Se nos remetemos à antiguidade descobrimos em filósofos como Heraclito, «que a guerra é a mãe de todas as coisas», dá logo a ideia, entendida e defendida por muitos que a novidade só é possível com os conflitos e que a história humana não se faz sem as guerras, mesmo que a morte e a destruição sejam o preço que muitos tenham que pagar. No entanto, não foram menos incisivas as teorias de Maquiavel (séc. XV) com a sua «arte da guerra» e por Nietzsche (séc. XIX) as «guerras» que justificam o Super-homem, até a mais sofisticada, mas não menos violenta «luta de classes» de Marx e de Mao Tse Tung (séc. XX), sem nunca deixarem de ser perseguição de estratégias para unir os opostos. Como se percebe nem sempre a paz foi entendida do mesmo modo. A cultura Ocidental, também tem conceitos distintos para entender a paz e que muitas vezes dependem dos diversos entendimentos sobre a guerra e sobre os conflitos. Se na cultura ocidental, surgiram diversos modos de conceber a ideia sobre a paz deveu-se ao judaísmo, aos gregos, aos romanos e ao cristianismo. Os diversos termos da paz são os seguintes: 1º «Shalom», no meio de guerras e conflitos o povo de Israel desejou esta paz como benção. Shalom, significa plenitude, que é o conjunto de todos os bens. Mas nesta forma ideal de pensamento sobre o valor da paz inventou-se a «Guerra Santa». O termo grego para a paz é «Irene», o ideal do irenismo, seria alcançar o bem estar entre homens e cidades. Também diante deste patamar ideal sobre a paz, criou-se um contra-ponto, o da «Guerra Justa». Os gregos entendiam-se autorizados a combater os outros povos destinados à escravatura. Havia ainda um outro ideal para os gregos «Ataraxia», que significava não sofrer com nada, quase nada sentir, exactamente, o mesmo ideal do Nirvana oriental. O termo latino é o seguinte: «Pax». Este termo tem a mesmo raiz de «pactum». Estabelece-se um pacto, uma trégua, uma ordem que impõem «a pax romana». Esta paz durava pouco, pretendia estabelecer a paz para o imperador, mas estava de mão dada com os exércitos que dominavam e subjugavam a Roma as outras nações. A doutrina cristã também criou um significado para a paz, que radica na palavra de Jesus Cristo: «a minha paz...não a dou como o mundo a dá...». A definição do termo paz, para o cristianismo está contida na pessoa de Jesus: «a Paz de Cristo». Estamos perante uma realidade nova, fruto da justiça e dom do Espírito Santo, que inclui todas as outras definições de paz, mas acrescenta-lhes uma característica essencial: é uma relação de amor. Também tem ajudado a justificar guerras e opressões sempre que se esqueceu que era dom gratuito de Alguém e se convertia em prepotência e autoritarismo religioso chamado «clericalismo». A paz, é um dom que Deus concede a todos os corações humanos que se predispõem ao seu acolhimento. E por ser essa realidade, dom de Alguém, é sempre precária, isto é, está sujeita aos condicionalismos e interesses mundanos. Assim, não devemos esquecer, a paz é trabalho nosso e dom de Deus. É sempre tarefa e encontro. Por isso, devemos entender a paz como Missão e Graça. Ou ainda, como acolhimento e desejo de encontro com Alguém que deseja sempre e em todas as circunstâncias a salvação. Onde estão os pacíficos, os que promovem a paz. Segundo Jesus, pacífico é aquele que é «fazedor de paz». E as Bem-Aventuranças anunciam que bem-aventurados são os que constroem a paz, «porque serão chamados Filhos de Deus». Deste modo, promover a paz é ser «Filho de Deus», isto é, «ser amado», ser fruto da relação. E no amor está a Bem-aventurança, a Plenitude, o Shalom. Um ano de 2009 cheio de paz para todos!

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bonito o texto. Foi a minha mensagem para a PAZ que acabei de ler. Moias do que os textos circunstanciais de papas e de bispos. Está muito bem argumentado com extractos filosóficos, históricos, teológicos etc. Resumindo o Obreiro da PAZ é Jesus, está nos Evangelhos eno grande Sermão da Montanha.