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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Comentário a São Paulo na Missa do Domingo

15 Fevereiro 2009
Domingo VI Tempo Comum – Ano B
Não sejais ocasião de escândalo para ninguém
1Cor 10, 31-11, 1
Ao tomar conta deste texto de São Paulo, saltou-me ao pensamento o tema do racismo e da xenofobia. Por isso, lá vão duas situações que se passaram na nossa cidade. Uma mulher de cor negra grávida entrou no autocarro a caminho da sua casa. Ao chegar ao interior do autocarro, duas ou três pessoas já de alguma idade, estavam sentadas junto das janelas, quando se aperceberam da chegada desta senhora saltaram repentinamente para os bancos da coxia para que a grávida não se sentasse ao seu pé. Alguém de cor branca noutra zona do autocarro presencia a «cena de terror», fazendo prevalecer o bom senso e que repudia qualquer sombra de xenofobia, levantou-se de imediato e ofereceu o seu lugar para a senhora mais necessitada de assento, tendo em conta o seu estado de gravidez. A seguir não faltaram ofertas de assento para esta outra senhora que se prontificou amavelmente a oferecer o seu lugar. Obviamente que esta mulher recusou com um misto de prazer as prontas ofertas carregadas de racismo doentio. Outra situação passou-se num lar de terceira idade, onde trabalha uma jovem de cor negra. Uma senhora de cor branca, cheia de salamaleques e muito dona do seu nariz, para não dizer de nariz empinado, outro dia caiu ao chão, sem conseguir levantar-se foi de imediato socorrida por esta funcionária, não se fez esperar as manifestações de racismo primário e doentio, diz a idosa o seguinte: «tira essas mãos pretas de cima de mim». Na mesma ocasião alguém de bom senso, ao presenciar a cena triste, dirige-se à idosa do seguinte modo: «óh dona tal… não diga semelhante barbaridade, esta jovem tem as mãos mais brancas do que a vossa alma, que está preta de rancor e de ingratidão». O rosto da jovem ficou lavado em lágrimas. A idosa parece ter aprendido a lição. São Paulo, aponta o caminho, Cristo a todos quer salvar, tenham a cor que tiverem. Não importa. Basta que cada coração esteja cheio de amor e aberto ao acolhimento do outro de forma desinteressada. Esta é a religião dos irmãos, porque todos filhos de um Pai comum. Por isso, dói saber-se que estas manifestações de racismo e xenofobia ainda fazem parte da nossa sociedade. É a lepra dos nossos tempos. Não pensemos que o racismo é só coisa de África ou da América, está muito bem implantado no nosso quotidiano. Silenciosamente provoca muitas injustiças e sofrimentos. O apelo do Apóstolo dos gentios deve calar fundo no coração de cada um de nós: «não sejais ocasião de pecado…». Não podia vir mais a propósito este apelo, para que cada um deixe de pensar que se salva sozinho e que ser cristão não implica uma abertura aos outros incondicionalmente. A salvação de Deus, nunca acontece individualmente, mas vem ao encontro de todos. E Deus quer que nos olhemos como irmãos.

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