08 Março 2009
Domingo II Tempo da Quaresma – Ano B
Se Deus está por nós…
A descoberta de Deus é um dom maravilhoso. Por isso, Como escreveu Wittgenstein, «crer num Deus quer dizer compreender a questão do sentido da vida, ver que os factos do mundo não são, portanto, tudo. Crer em Deus quer dizer que a vida tem um sentido». Não podíamos completar melhor o texto de São Paulo.
Perante esta premissa, Deus, entra na nossa vida e transforma-a para o sentido que Deus aponta. A manifestação de Deus em nós, faz-se pela militância constante a favor da justiça e do amor no mundo. Os soberbos de coração precisam de uma mudança para a eficácia do perdão e da humildade. Os mentirosos, necessitam de converter essa propensão para a verdade das palavras, das atitudes e dos gestos. Os que vivem a violência dos actos e das palavras, precisam de mudar essa tendência desumana para a autenticidade do diálogo e da paz como únicos caminhos que nos movem para a luz da salvação.
Face esta forma de ver e acolher Deus, quero ser ateu de um deus menor, que às vezes amesquinha e inferioriza a vida. Um deus fraco e de gente fraca, porque não sabe viver senão pregando um deus todo-poderoso, soberbo, maldoso e invejoso da humanidade. Quero crer num Deus maior, porque compassivo sempre com os mais pobres, os sem lugar e vez neste mundo carregado de injustiça. É este Deus que dá sentido à vida toda.
São Paulo, vai ensinar-nos, afinal, que nada pode estar contra nós, porque Deus é por nós. Mas, o que mais há neste mundo é medo de Deus. A presença de Deus provoca medo a este mundo, porque os corações desta geração estão ocupados de coisas desnecessárias em relação à fé, isto é, em vez de acreditarmos de verdade no Seu amor e na Sua misericórdia, concebemos um Deus todo-poderoso que castiga e se vinga de nós. Esta visão de Deus é totalmente destorcida e não tem sentido diante das palavras e gestos amorosos de Jesus.
Neste sentido, chega de anunciar um Deus contra o que quer que seja. Vamos proclamar e viver um Deus simples e amigo de todos. Um Deus que não se compadece com a violência, a maldade, a inveja, a exploração, a fome e a nudez. Neste meu singelo manifesto, quero proclamar um Deus que detesta e vomita, todas as formas de alienação ou ópio, todos os ritualismos desumanos que ainda subsistem na nossa Igreja, todos os apelos aos sacrifícios ou promessas, que mais não são exploração desenfreada dos fracos e dos pobres, todos os caminhos que levam à luta do poder pelo poder, todas as formas de dominação religiosa sem Evangelho, todos os caminhos que estão pejados de escárnio, de discriminação e ostracismo dentro da nossa Igreja. Por fim, vamos estar com Deus, para que nada nos impeça a mudança, para a realização da sua vontade.
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