O Diogo, é para este mundo um rapaz cheio de vida, muito amigo de todos, muito voluntarista, muito generoso, muito fraterno com todos, muito bonito por fora e mais ainda por dentro e muito alegre, porque louco pelo diálogo, pelo teatro e pela música. Permitam-me que diga, a loucura pela grande comunicação.
No Domingo, dia 17 de Maio de 2009 - o dia em que nas missas o Evangelho de Jesus proclamou: «Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei» - o Diogo morreu para este mundo e apresentou-se diante do «Pai-Nosso», o Pai da verdade suprema, que nos ama e chama para si aqueles que nós amamos muito. Este Deus, como se de uma crueldade aparente se tratasse, tira-nos o melhor que o mundo tem, mas não é assim, dado que Ele é grande e cheio de amor, colhe para si os melhores, porque precisa deles para outros rumos e outras tarefas. De modo nenhum podemos ser egoístas e não permitir o andamento da vida de acordo com o Seu Criador.
Mas, a morte na hora dos 22 anos (idade do Diogo), apresenta-se nesta fase ainda mais incompreensível, injusta e sobejamente dolorosa. Mas, não fiquemos aí, não nos tornemos ainda mais pequenos. Temos que saber que a vida deste mundo é curta como o instante que passa, frágil como o barro antes da cozedura e mais ainda, que a vida não nos pertence, é-nos dada por empréstimo. Por isso, a importância da morte ficará gravada no pensamento de Victor Hugo, autor de os Miseráveis, quando nos diz: «morrer não é acabar, é a suprema manhã». Esta sim, a maior de todas as manhãs da nossa vida.
Mas, no silêncio da morte e da não relação com quem morreu parece para nós o fim. Tudo acabou, podemos balbuciar mecanicamente com os nossos lábios, mas o que diremos depois se tomarmos a sério estas palavras: «a morte é de facto o fim, no entanto não é a finalidade da vida» diz outro autor, Michel de Montaigne. Neste sentido, a Liturgia Cristã, também proclamará diante do Filho de Deus, morto sobre a Cruz em idade também prematura e injustamente condenado à morte: «Ó morte! Onde está a tua vitória!»
Meu Deus, mas, antes de tudo, somos humanos e amamos os nossos, não queremos a morte para eles e para nós, recusamo-la, e ai de nós se não o fizermos, porque se assim não fosse seríamos todos uns imbecis suicidas. Porém, essa realidade faz parte da vida deste mundo e deve ser para todos nós o momento da nossa glória, não uma glória deste mundo, mas outra, de outra vida ou de outra manhã que nasceu num determinado lugar que desconhecemos ainda. Esta esperança é muito importante, porque nela encontro algum sentido, para um momento que detesto e repudio com todas as minhas forças, porque sou antes de tudo um ser humano, seguro deste mundo e não de outro que desconheço.
Do Diogo aprendemos e guardamos a memória sublime de alguém que nunca morreu nem nunca morrerá, porque onde estiver e de que modo estiver, sempre será um homem cheio de entusiasmo, porque as pessoas cheias de entusiasmo, como o Diogo nunca morrem. Por isso, nós como ele não queremos nem podemos morrer nem queremos que nesta hora se confirme o pensamento de Honoré de Balzac, autor de La comédie humaine (A Comédia Humana), quando diz: «O homem morre a primeira vez quando perde o entusiasmo». Quem somos nós para perder o entusiasmo, a força e a coragem para manter viva a memória do Diogo entre nós? - Pois digo então, somos gente que é capaz disso mesmo, porque se assim não fosse Deus não nos permitiria esta provação. Neste querer, encontramos forças para ajudar os outros, como sempre faz o Diogo e continuará a fazer agora do lugar da plenitude do amor.
Termino a minha reflexão com um pequeno texto de Oscar Wilde sobre este incontornável nome, o AMOR, que tudo vence, tudo pode e tudo alcança (como proclamam os grandes santos): «A fonte do amor existe no fundo de nós e podemos ajudar os outros a realizarem muita felicidade. Uma palavra, um gesto, um pensamento, podem minimizar o sofrimento de outra pessoa e trazer muita paz e alegria». É esta palavra que deixo a toda a família, especialmente, a Mãe, o Pai, o irmão e a todos os amigos do DIOGO.
2 comentários:
Caro Grande Padre José Luís Rodrigues, escreve-lhe o
Élvio Camacho, Actor, só para lhe agradecer as suas palavras, que neste momento cruel, pelo amigo e terno Diogo que partiu, bem precisamos pois é eterno o esforço para compreendermos o sucedido; mas só assim, com palavras, nos vamos reerguendo. Grato e um beijo para os mais queridos do Diogo.
Élvio Camacho. O TEF não o esquece pelo que nos deu.
...quando se perde um Amigo, ganha-se a revolta, é um verdadeiro aperto de coração e de vida.Com o tempo, enche-se a Saudade, aprende-se a conformação, espera-se o consolo.A primeira vez que vi a morte bem nos meus braços, ela morava no corpo da minha melhor Amigo.Ainda hoje estou na fase da aprendizagem.As pessoas Felizes não morrem nunca, apenas se ausentam fisicamente.
tukakubna
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