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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Um Sonho de Jesus

Pai Santo, tive um sonho que quero partilhar com aqueles que acreditaram e acreditarão em mim.
Sonhei com uma Igreja humilde, feita de sal e sol, com jeito de fermento para um mundo novo, onde todos se amassem como Eu os amei.
Sonhei que tinha gravado, em seu coração, o Teu Nome para que guardasse a Tua Palavra.
Sonhei com um povo de profetas que recordasse a Aliança que selei no Meu Sangue; um povo de sacerdotes, promotores do amor humano, da justiça e da verdade. Que acreditasse em Ti, para além de todos os ídolos, superstições e magias.
Sonhei com um povo que não Te honrasse, apenas, com os lábios. Que levasse a sério a minha Cruz.
Sonhei com homens e mulheres decididos a amar sem fronteiras, sem reticências, sem cálculos, apoiados no Nosso Amor.
Sonhei com uma Igreja que não confundisse a Minha Palavra com as roupagens da Minha cultura.
Sonhei com essa Igreja em serviço, em comunhão fraterna, de mãos dadas, corações unidos. Sonhei que onde Eu estivesse, eles, também, estariam. Foi tão lindo!...
Acordei, feliz, e olhei à minha volta. Passeei os olhos pelos séculos e uma profunda tristeza, como aquela do Jardim das Oliveiras, Me invadiu. Tive a sensação de viver, de novo, a angústia do fracasso dos meus últimos dias. A impressão de que poucos acreditavam na minha ressurreição. Tratavam-Me como um cadáver embalsamado, inerte e impotente.
O meu sonho esbarrou na rigidez legalista dos chefes do Meu povo. Fizeram da autoridade um poder e Eu sonhava serviço. Pedira-lhes que permanecessem em Mim e apoiaram-se nos grandes da terra. Sonhara que fossem pescadores no mar do mundo e passam o tempo a repescar nas próprias águas.
Estou triste, Pai! A unidade que sonhara esboroou-se e constitui escândalo para os mais pequenos. Muitos falam de Mim, mas não se entendem entre si. Na verdade, não falam Comigo! Eu sonhara ser Água Viva e Pão Vivo, farnel de peregrinos - e eles vão beber em águas conspurcadas e procuram pão amassado com velho fermento. O Meu povo, que Eu sonhara profeta, deixou de ser sirene a lembrar a eternidade. Abençoa armas e Bancos, celebram a Minha Ceia com quem não acredita em Mim, repetindo a atitude de servir-se da minha amizade.
E isso Me magoou. Em Meu Nome cometem barbaridades e o meu sonho de comunhão, de sal, de luz, de fermento, tende a desvanecer-se.
Nota: Um texto que não sei quem é o autor. Mas, merece toda a nossa atenção, porque tudo isto salta no nosso pensamento com muita força e é uma luz para este tempo que defeniram como tempo do sacerdócio, não o sacerdócio comum a todos, mas o do poder e das hierarquias anacrónicas, que nada dizem a este tempo... Que aproveitem!

2 comentários:

Ângelo Paulos disse...

P. Jo´se Luís: Mais um texto de cunho filosófico, teológico, ontológico que nos conduz a uma crise existencialista. Dizia o grande filósofo, que li durante anos a fio -Roger Garaudy- contemporâneo do Abbee Pierre, dizia ele que "loucura é tudo aquilo que não deixa a razão apodrecer." Esta igreja que temos está convencida que tem saúde e não quer se convencer que está estragada, obsuleta, mentirosa. São Francisco foi um louco ele queria ser o "louco de Deus" contra outros santos que foram sempre direitinhos, porventura menos evangélicos que ele, porquanto estavam a léguas da práxis crística de S.Francisco, de Santa Teresa de àvila e de S.João da Cruz.
Mas temos os "loucos" actuais Hans Kung, Boff, Helder Câmara, Oscar Romero, Padre Américo e mesmo aqui na Madeira o saudoso P.Laurindo que, curiosamente nunca foi canonizado ao contrário do fundador da Opus Dei, que era não franciscano, mas franquista e o que temos cá na igreja do Monte , o imperador da Austria. Até os santos têm que ser do sistema.
Mas, enfim, gostei muito deste texto de Domingo e vamos confeccionando as nossas ideias com essas que o Meu Ilustre Amigo faz-nos o obséquio,em cada semana de proporcionar, a fim de termos a loucura do Evangelho.

Susana disse...

Realmente é um texto lidíssimo!
O Jesus dos meus sonhos é exactamente como este!
Deve ser o mais próximo do Filho de Deus!
... Mas melhor.
Muito obrigada por partilhar comigo toda esta informação!
Bem haja
Susana