Domingo XXXIII Tempo Comum
15 de Novembro de 2009
Tudo Passa
Os tempos correm tristes. A depressão toma conta de muita gente. A situação económica do país contagia os estados de alma de toda a gente. As medidas de austeridade provocam sobressaltos em muitos sectores e pouco ou nada parecem resultar. Ninguém escapa a um certo desânimo e parece não ter lugar o sentido da esperança. Porém, cabe-nos recordar que em cada manhã a vida volta a ressuscitar e a dádiva de sabermos que os nossos olhos se reabrem para a luz da manhã deve ser um dom maravilhoso que todos devemos saber contemplar. A regra do «tudo passa» é importante.
Mas, não pode esta certeza privar-nos de denunciar que os tempos estão tristes, não só porque continuamos a ouvir palavras sobre o terrorismo, a violência, a miséria, os refugiados, o sida, a droga, a corrupção... Mas também, porque ouvimos em todo lado, palavras ofensivas, palavrões, de pessoas que se esperaria elevação e dignidade. As ofensas roçam a linguagem do calhau e poucos se indignam com isso. Parece já não existirem pessoas que merecem respeito.
A linguagem estalou com o verniz dos tempos que correm, porque a mentira vale muito mais, mas mesmo muito mais do que toda a verdade. São poucos os que são escravos da palavra e muitos os que se limitam a dizer palavras ocas que depois não induzem à fidelidade do seu cumprimento. Só uma palavra se faz luz e reacende a verdade sobre o futuro, porque, felizmente, tudo passará menos uma palavra, aquela que Jesus faz ecoar no deserto do mundo, «Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão». Se assim não fosse, o que seria de nós?
Por fim, o povo é o bombo da festa. Está satisfeito. Basta-lhe vegetar à sombra da ignorância e comprazer-se com os arrotos da abundância de festas, quiçá, migalhas que caiem da mesa dos corruptos ou dos ditos democratas que este mundo «pariu» para nos governarem. Os tempos estão tristes. Ainda estou para crer na crise que os verdadeiros ladrões inventaram. Só acredito na crise dos bolsos vazios da generalidade das pessoas. A pobreza toma conta de muitas das nossas famílias. Os tempos estão tristes e ninguém se importa nada com isso. É pena!
2 comentários:
O mundo precisa dos "amanhãs que cantam". Os amanhãs da justiça, da solidariedade, porque não dizer do AMOR.Não aqueles qiue foram dissipados há 20 anos com a Queda do Muro. Mas outros muros se levantaram: a vergonha do desemprego, da fome, da pobreza extrema o estrangulamento da classe média que está completamente endividade até às gerações vindouras e, sobretudo, a própria Natureza que foi, também ela, tocada pela,selvejaria e egoismo desmedido do homem.
Ninguém se importa, discordo!Há muitos que se importam mas não têm o PODER, apenas têm o poder do sorriso, da disponibilidade, da sensibilidade, da partilha-e isso hoje perde-se na imensidão desvalorizada que hoje grassa.Mas não faz mal:há muito mais para além da Natureza que vimos(há tanto e tão belo por descobrir!), há mto mais para além do firmamento, para além do coração partido do Homem.E não se chama Esperança!
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