Afora o Carnaval (que significa «adeus à carne»), fica agora um tempo novo, como devem ser todos os tempos que chegam, o das Cinzas, para nos lembrarmos da nossa condição. A Quarta-feira de Cinzas, bate na porta do coração de cada um de nós, não como um toque irremediável de um nada que se diz pó, mas, como um sinal de alerta sobre um mundo, o nosso mundo convertido num frenético rebuliço cheio de vazio. As Cinzas, feitas símbolo, dão o mote para o valor que a vida deve ter. São um aroma, um incenso que nos eleva para o alto e não apenas um singelo pó que o fogo do egoísmo, do ódio e do terror convertem nessa cinza que o vento leva pelo gozo constante desse carnaval que os dias sempre oferecem.
As Cinzas, são um despertar para a humildade, para o encontro do perdão, para a mudança da vida toda e de todos. São um apelo que nos remetem para o transcendente e não para o escuro profundo da terra do nunca. Neste dia e com este tempo, saibamos descobrir que mais vale um gesto, um carinho ou um afecto em cada canto do mundo de cada um de nós, para que o sorriso de Deus, se manifeste como razão de ser da vida de todos e da vida toda.
3 comentários:
Padre José Luís,Meu Amigo, as cinzas que Deus quer é o sentido da partilha, da solidariedade com os mais pobres -não apenas de dinheiro, mas, como diz o meu Amigo, de afectos, ternura- . Isaias recomendou-nos que o jejum é repartir com quem não tem; libertar os oprimidos, visitar os enfermos e proclamar o Ano da Graça do Senhor.
Seria bom para o Papa, os bispos e presbíteros e tb leigos reservar um tempinho para a leitura, sobretudo o outro lado da filosofia e da teologia que nos despertam para uma igreja mais consentânea com os problemas do mundo actual; seria bom para nosso bispo Carrilho, que a quaresma dele se afincasse numa visita à Ribeira Seca e se reconcialiasse com aquelas pessoas.
Se isto não acontecer não acredito em quarsmas, nem em jejuns, abstinêencias ou cinzas, apenas aquela que é tão bem cantada por Vinicius Moraes:Quarta Feira de Cinzas.
As "cinzas" é tudo o que fazemos em nome das Bem Aventuranças, numa face da moeda. Na outra, é tudo o que eu deixo de fazer, omitindo as Bem Aventuranças. As cinzas são a parte do nosso corpo mortal, leves, que uma brisa pode levar. Interessa olhar para dentro, não para os gestos calendarizados.
Padre Zé, sinto-me fraco, sem forças para continuar, frágil, sou mesmo nada. Esta celebração veio mesmo a tocar em mim, assim como estou, assim como me sinto. Agostinho
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