O escritor moçambicano Mia Couto escreveu a “Pobreza dos nossos ricos”. Ora vejamos:
A maior desgraça de uma nação pobre
é que, em vez de produzir
riqueza, produz ricos.
Mas ricos sem riqueza.
Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de Endinheirados.
Rico é quem possui meios de produção.
Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.
Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro, ou que pensa que tem.
Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.
A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos “ricos”.
Aquilo que têm, não detêm.
Pior: aquilo que exibem como seu,
é propriedade de outros.
É produto de roubo e de negociatas.
Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram.
Vivem na obsessão de poderem ser roubados.
Necessitavam de forças policiais à altura
mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los
a eles próprios na cadeia
Necessitavam de uma ordem social
em que houvesse poucas razões para a criminalidade.
Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem (...)
4 comentários:
Pe.José Luís, esses sacripantas são muito "religiosos" porque em certos lugares (a maioria) do culto sagrado não os interpela. Basta após a morte umas missas logo estão uns meses no purgatório e depois vão finalmente para os céus dos deuses que eles cá em baixo na terra construiram, mas que não é o Deus de Jesus.Este é muito exigente com o dinheiro e a riqueza pessimamente repertida, porventura, mais acumulada, é considerada um pecado e não apenas o sexo. Devo-lhe dizer que houve Santos que condenaram a propriedade privada
Eles diziam que esta é ´fruto do roubo aos mais pobres. E isto é, cada vez mais, uma vergonha. Há gente aqui na Madeira, que declaram falência das suas empresas, põem trabalhadores na rua e, depois, aparecem com bonitos carros de marca. Tudo isto sob os olhos do poder instituído. Devo dizer que as encíclicas são documentos importantíssimos para pôr a nu essas injustiças flagrantes.E ajuda-nos a reflectir seriamente o que é viver segundo o Evangelho.
José Ângelo, descobri hoje através de uma aluna da minha filha que, querendo escrever Purgatório (e falavam de Dante) escreveu PARVATÓRIO. Acho que é isso mesmo, haverá o purgatório para uns e para os amantes do vil metal que compra as missas, o parvatório...
Leiam os livros do Mia couto (tenho-os todos)ficam conhecendo as gentes e a nação Africana.
Sr. Padre José Luís,
Eu conheci muito bem Moçambique,
vivi lá alguns anos, e só vim após a vergonhosa descolonização de cariz comunista. Pobres dos pobres, passe a redundância, que ficaram cadam vez mais pobres, onde se destruíu, sem porveito para ninguém o que antes levou anos a construir. Eu tenho muitas saudades daquele país e lamento que sejam precisos muitos anos para que tenham algum progresso. É uma pena um pais com tantas riquezas, na costa, no solo, no subsolo, mas onde grassa como na maioria das africanos uma burguesia instalada, corrupta e que explora tanto o mais os pobres que os antigos colonizadores. É uma pena!
Maria
Mia Couto para além de um brilhante escritor de expressão portuguesa é ainda um observador atento e um crítico acutilante da sociedade do seu tempo.
A grandeza dos homens mede-se pelo seu despredimento.
Só Deus basta, pois só Ele é o Amor!
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