Em que uma vaga luz
Com que sei que sou eu, e nisto cismo,
Obscura me conduz.
Um intervalo entre não-ser e ser
Feito de eu ter lugar
Como o pó, que se vê o vento erguer,
Vive de ele o mostrar.
Fernando Pessoa
Nota da redacção: Não isto a leitura consequente da resposta de Deus a Moisés na aridez do deserto: «Eu Sou Aquele que Sou» (cf. Ex 3,13-15); e mais ainda uma resposta à pergunta de Jesus: «Quem dizem os Homens que Eu Sou?» (cf. Mc 8, 27ss) e mais, provavelmente, encaixa na lucidez de Sócrates que do alto da antiguidade grega proclamou para a eternidade: «Só sei que nada sei» (cf. citado por Platão in: "Apologia de Sócrates", o primeiro discurso). É do mistério que se fala e dele precisamos muito para viver a vida cada dia, por isso, contemplemo-lo com muito amor para que a alma não mergulhe no abismo irremediável, mas descanse nos braços do inefável Deus misteriosamente amoroso.
É apresentada a imagem em: meme.yahoo.com/taismr/
3 comentários:
Padre José Luís, somos efectivamente o abismo de nós próprios. Mas há Deus ou deuses que mandam anjos para nos amparar. Não entro em pormenores de antropormorfismos, temos belas mãos de flores que nos fazem colorir a vida. Nós pegamos nos sonhos e encaixamo-los nos não lugares das visibilidades mundanas onde há espaços inteligíveis. A vida é uma imcompreensão permanente e, por isso mesmo, é bela. O Hoje é viscoso e tem o tal " pó" que os ventos alevantam, mas os amanhãs são sp os sonhos que vou buscar aos esconderijos.
É desta luz que se projeta o eu que devemos comandar.
Com sabedoria e consciência teremos
esse abismo aos nossos olhos.
Se conseguirmos controlar o vento,
saberemos como ultrapassar o abismo.
Parabéns pela sábia palavra.
Com um abraço...
"abyssus abyssum" - não será a Criação em Liberdade para termos o poder da escolha? O ousar? A procura da Luz?
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