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sábado, 24 de abril de 2021

Ter ou não ter fé? - Eis a questão

 24 de Abril de 2021

Não basta ter fé em Jesus para assumir a categoria de crente. «Até os demónios creem», diz a Carta de São Tiago (2, 19). O desafio é ter a fé de Jesus. Ao tempo de Jesus na vida histórica todos tinham fé em Jesus: fariseus, saduceus, doutores da lei, sacerdotes, levitas e essénios. Mas faltava-lhes a fé de Jesus ou a fé igual à de Jesus.

A fé de Jesus centra-se no valor principal da existência, a vida. «Vim para que todos tenham vida e vida em abundância» (João 10, 10).

O amor e a fé são iguais em Jesus. Não há distinção entre uma realidade e a outra. Por isso, ao curar, dizia sempre ao paciente, «A tua fé te salvou» (Lc 7, 50). A fé de Jesus é uma ação amorosa e solidária, e não uma abstração como tantas vezes se ouve falar. Não é uma projeção da mente que consola o coração sem praticar a justiça e fazer tudo pelo bem da vida. Quando assim não for, terão toda a razão os pensadores modernos, por exemplo, Karl Marx que acusou a fé de ser o ópio de gente menor. 

É interessante que os fariseus medem as ações religiosas pelos puros e pelos impuros, os salvos e os condenados, Jesus, por conseguinte, afere a fé e a prática religiosa pelo justo e pelo injusto. Importa acreditar no Deus da vida, e vida em abundância. Não é possível imaginá-Lo por piedosos exercícios de fantasia e com palavras ocas sem consistência prática. Basta pensar em quem foi criado à imagem e semelhança de Deus, os seres humanos e todos templos vivos da glória viva de Deus (Santo Ireneu).

Deus criou a humanidade para viver na liberdade, na justiça e na fraternidade. Porém, prefere a mesma humanidade a opressão da injustiça pelo veneno do egoísmo e da ambição. Não admira que depois venham em força a dor e todo o sofrimento contra a própria humanidade. Acreditar na lógica de Jesus, é lutar para que nos resgatemos do reino opressivo para o reino da liberdade e da prática do amor. Defender com clareza os Direitos Humanos é dever inadiável de todo o crente. E não deixar por mãos alheias o foco do Evangelho, que é a misericórdia, a solidariedade, nada de ambições, e acima de tudo, o amor.

Todo aquele que orienta a sua história pessoal pelo caminho destes valores, mesmo que seja o mais ferrenho ateu, é discípulo de Jesus, mesmo que não o reconheça, e faz a vontade de Deus sem confessar acreditar nisso. 

1 comentário:

Manuel Filipe Santos disse...

Excelente artigo! Levei 🙏