É o título mais sublime aplicado à Igreja Católica. Estes atributos remontam até ao saudoso e bondoso Papa, que todos admiram, João XXIII, que seguindo a tradição dos Padres da Igreja, formulou este axioma incontronável sobre a Igreja. Não podia ser um título mais profético e dos mais actuais que se deve aplicar, para fazer reflectir as nossas comunidades e todos os baptizados.
Nos nossos tempos não pode ter lugar a lingugem inquisitorial, acusatória e incriminadora entre os membros da Igreja. Padres acusam padres de actividades «ilícitas e abusivas». Esta linguagem não serve à Igreja e não deve estar na boca de cristãos, seguidores de um Mestre, que a ninguém condenou, mas em todos os momentos esteve pronto para perdoar e acolher, mesmo até os piores pecados.
Perante o diferente ou o divergente a Igreja não pode ser inquisitorial e cega quanto ao Direito Canónico. A lei base da Igreja é um instrumento, um meio e nunca um fim em si mesmo. Não podemos substituir o Direito Canónio pelo Evangelho. Se tal acontece damos razão ao filosofo Alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900), quando diz: «Cristo fez um Evangelho e a Igreja fez um desenvangelho».
A Igreja afirma e promove o diferente, mas não gosta quanto ele se manifesta. A dúvida é um mal para a Igreja, mas Bernhard Häring dirá sobre a dúvida o seguinte, no livro essencial, «Igreja: Estímulos e Esperanças». Diz assim o autor: «Existem, naturalmente, as dúvidas gratuitas, tontas, pedantes e frívolas. Mas também existe, e tem mesmo de existrir, a dúvida séria e sincera, como expressão de uma respeitosa busca da verdade total». Em nome da verdade, à Igreja compete promover o diferente e o divergente.
Afirma São Cipriano: «Ninguém pode ter a Deus por Pai, se não tem a Igreja como mãe» (De cathol. Ecc. Unitate, 6). Mas, onde se mostra esta Igreja, que tantas vezes acusa, condena e vota ao ostracismo alguns dos seus membros? - Lembremos a imensa quantidade de teológos, bispos, sacerdotes e religiosos condenados ou proibidos de escreverem e de lecionarem nas faculdades ligadas à Igreja. Também entre nós, na Madeira, sente-se muito que os que são diferentes, são condenados ao silêncio, à não participação nos bens e nas actividades que são de todos. A Igreja-Mãe não pode ser só de alguns e para alguns, mas para todos os que a desejam e querem.
Por isso, repudiamos tudo o que seja incriminar, porque a ninguém na Igreja compete apontar o dedo acusador, mesmo que para tal tenha a segurança de todas as leis deste mundo. Porque, assim pensando, ficamos com a advertência de Jesus Cristo: «Um só é o vosso Mestre» (Mt 23, 8). E isto para tudo nos basta.
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