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segunda-feira, 15 de março de 2010

Celibato e pedofilia

Nota da redacção: português do Brasil, mas lê-se, porque o conteúdo vale muito a pena. Escrito a quando dos escândalos de pedofilia na Igreja Católica Americana, hoje, ganha nova actualidade perante o terrível escândalo que assola a Igreja Católica Europeia. Vamos continuar firmes na oração para que se faça verdadeira justiça. As vítimas minimamente recompensadas pela injúria e os pedofilos levados à barra dos tribunais.
Por José Reis Chaves
Foi o grande Papa São Gregório VII (papa de 1073 a 1085) que introduziu na Igreja o celibato obrigatório para os seus sacerdotes, agindo com a melhor das intenções, pois queria selecionar os candidatos para o clero, com exceção para os padres da Igreja Católica Bizantina, do Oriente Médio, já que a Igreja estava numa situação muito delicada naquela região, tendo em vista o Cisma lá irrompido em 1054, quando Cerulário, Arcebispo de Constantinopla, decretou a separação de sua Arquidiocese de Roma, fundando a denominada Igreja Ortodoxa Grega.
Muitos padres da Igreja Católica Bizantina já estavam aderindo à Igreja Ortodoxa Grega, por causa da questão Filioque (divergências sobre a Santíssima Trindade com relação à Igreja de Roma). E, se o celibato obrigatório fosse exigido deles, haveria uma debandada geral para a Igreja Ortodoxa Grega.
Sobre o nosso assunto em pauta, o Homem de Nazaré deixou claro que há eunucos de vários tipos, mas que os verdadeiros são os feitos pelo Reino dos Céus. Todavia, quando um jovem recebe o Sacramento da Ordem, tornando-se padre, ele não se transforma, como que por encanto, num desses eunucos santos. E eis aí a questão. Esse padre pode entrar numa forte crise existencial, pois que sua vocação sacerdotal pode ter sido uma ilusão, ou seja, fruto de um idealismo próprio da imaturidade dos jovens.
E, assim, ele está sujeito a aventuras amorosas, ou então, mais raramente, passará a sofrer distúrbios psicológicos, que podem levá-lo às tendências homossexuais ou pedófilas. Logo um padre, que deveria ser um modelo de moral e boa conduta para as outras pessoas, envereda-se pelo caminho das práticas pecaminosas e até criminosas, como no caso da pedofilia. Isso, como não podia deixar de ser,escandaliza tremendamente as pessoas. E aqui até vem à baila a conhecida frase paulina: “É melhor casar que abrasar”.
Embora tenhamos uma grande admiração para com a Igreja e o clero, custa-nos acreditar que o celibato forçado não tenha nada a ver com tudo isso que vem assolando a Igreja. E cremos que todas essas irregularidades existiam também no passado, só que eram abafadas, o que não se consegue fazer facilmente hoje.
E não seria a solução para todos esses problemas a extinção do celibato obrigatório para os padres? Por que não, se ele, como vimos, não existe para os padres da Igreja Católica Bizantina, se São Pedro era casado, e São Paulo disse que o bispo deveria ter uma só esposa, do que até se infere que o padre poderia ter mais de uma?
Autor do livro, entre outros, “A Face Oculta das Religiões”, Ed.Martin Claret

4 comentários:

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Padre José Luís,para consagrar o Pão e Vinho Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo será obrigatório nunca ter visto a beleza que é o nu de uma mulher; o abraço e beijo dela; o carinho dos filho(a)s? Que tristeza! É preferível fazer asneiras, psicologicamente atrofiados, abandonados na velhice, provocar clandestinamente mulheres e, pior ainda, criançasou jovens? Esta igreja católica e este papa são uns vestígios pré-históricos. É ver comoo grande Eça põeo problema da hipocrisia e falsidade do celibato com o seu mejestoso livre o "Crime do Padre Amaro" tal como outros autores como Zola Hmem e mulher casadosum embuste a presidirem à Eucaristia do Senhor?O problema resolve-se dando dinheiro às vítimas? O celibatoé um crime nos nosso dias.Esta sublimação e obediência contra-naturas nada valem. É apenas para agradar ao papa e bisbos. Pois, para Deus já há muito que ocelibato acabou. Ele não quer virgens ou eunucos ele quer homens alegre e livres porque abraçam a força da Natureza.

Padre Mateus disse...

O Cristianismo nasceu no Oriente e não no Ocidente. É um dado completamente equivocado dizer que a Igreja Ortodoxa nasceu de um cisma com Roma.Como pode o primeiro se submeter ao que lhe é posterior? Sinceramente eu gostaria de entender como pessoas esclarecidas sustentam tal afirmação contradizendo os fatos históricos.
Primeiro é bom notar que o uso da terminologia "Igreja Ortodoxa Grega" para designar a Igreja do Oriente (Ortodoxa) é completamente equivocada. A Igreja Ortodoxa Grega (A Igreja da Grécia, fundada pelo Apóstolo Paulo nas primeisras décadas da Igreja) é uma das Igrejas que compõem a família Ortodoxa; assim como Roma, atualmente, é uma das Igrejas que compõe a denominada Igreja Católica Apostólica Romana ou Igreja Ocidental, que é uma família composta por 23 Igrejas, da qual, Roma é a principal.
A Igreja Católica depois da queda do Império Romano do Ocidente ficou tecnicamente subdividida em duas regiões: a do Oriente de fala grega e, a do Ocidente de fala latina. Com a separação política das duas regiões do Império, Constantinopla (Sé do Império do Oriente) passou a exercer a Primazia entre as Igrejas do Oriente, e Roma (antiga capital do Império do Ocidente), a primazia entre as Igrejas do Ocidente.
A aliança com Carlos Magno (Imperador Franco que idealizava restaurar o Império do Ocidente e depois unificá-lo sob a dinastia carolíngia) levou Roma a reivindicar uma supremacia universal, gerando tensão com o Oriente, visto que os cânones (leis que regem a Igreja) estabeleciam um governo colegiado de cinco Igrejas (Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém), sendo Roma a primeira no Ocidente e Constantinopla no Oriente (IV Concílio Ecumênico, Cânon 28). O Oriente se apercebeu desta manobra e passou a resistir às pretensões eclesiásticas de Roma. Mudanças significativas e estruturais na tradição da Igreja foram praticadas pelo Ocidente (o celibato obrigatório, além do filioque*, foi uma delas) aumentando ainda mais a tensão até a completa ruptura, seguindo cada um seu próprio caminho.
Portanto, nenhuma Igreja fora criada (as Igrejas do oriente são anteriores a Roma), havendo, sim, uma quebra de comunhão do Ocidente com o Oriente. Estes são os fatos históricos, e não um dado teológico que procura adaptar a história a fim de validar concepções particulares.

*A interpolação do Filioque ao Credo Niceno pelo Sínodo de Toledo na Espanha, no séc. VI, foi instrumentalizada por Carlos Magno para gerar conflito com o gregos; fato este que teve resistência dos papas por cerca de quatro séculos (Roma se recusava a usar a fómula fioloque no Credo). Só a partir de 1014 é que o Papa não mais resistindo às pressões políticas veio a captular, sedimentando de uma vez o fastamento teológico com o Oriente.

Quanto à questão do celibato (ainda que obrigatório), nada tem haver como fonte de pedofilia. Esta é uma deformação da alma e está presente tanto em solteiros como casados. Um celibatário forçado e de alma sã, sentir-se-á atraído pelo sexo oposto, numa relação de amor, e não terá nenhum estímulo por uma deformação monstruosa e repulsiva como é a pedofilia.

Fraternalmente,

Padre Mateus (Antonio Eça)
padremateus@igrejaortodoxa.org

Autor do blog disse...

Muito agradecido Padre Mateus pela bonita reflexão e pelos esclarecimentos...

Anónimo disse...

Padre José Luis é de lamentar estes abusos de padres a jovens mulheres e rapazes. A Igreja está a exigir aos seus padres algo que é contra-natura, a não viverem a sua sexualidade plenamente e depois não é de espantar que tantos padres tenham mulheres ocultas, filhos afastados. Padres que obrigaram mulheres a abortarem outros que vivem uma sexualidade ás escondidas com raparigas ou rapazes que envergonham a Igreja. Também em Portugal esta situação também acontece só que nesta nação de Santa Maria a Virgem Peregrina vai abafando as atitudes de alguns padres que já não suportam o celibato imposto. Não temos enuncos nem virgens mas padres e religiosas que estão enclaussurados numa sexualidade reprimida.