O corpo, devido ao peso, tende para o lugar que lhe é próprio, porque o peso não só tende para baixo, mas também para o lugar que lhe é próprio. Assim o fogo encaminha-se para cima, e a pedra para baixo. O azeite derramado sobre a água aflora à superfície; a água vertida sobre o azeite submerge-se debaixo deste: movem-se segundo o seu peso e dirigem-se para o lugar que lhes compete. As coisas que não estão no próprio lugar agitam-se, mas quando o encontram, ordenam-se e repousam.
O meu amor é o meu peso. Para qualquer parte que vá, é ele quem me leva. O vosso Dom inflama-nos e arrebata-nos para o alto. Ardemos e partimos. Fazemos canções no coração e cantamos o "cântico dos degraus". É o vosso fogo, o vosso fogo benfazejo que nos consome enquanto vamos e subimos para a paz da Jerusalém celeste. "Regozijei-me com aquilo que me disseram: Iremos para a casa do Senhor". Lá nos colocará a "boa vontade", para que nada mais desejemos senão permanecer ali eternamente.
Santo Agostinho - Confissões
Nota da redacção: Apesar do fogo, os incendios, vai o pensamento sobre o fogo, o verdadeiro fogo de um lugar que não sabemos de onde, que queima o que tem de ser queimado, sem devorar o essencial, mas que o purifica e o faz permanecer na eternidade. Muito bonito.
2 comentários:
Querido amigo, seus textos sempre nos convidam a reflexão...Tenha uma linda semana...Beijocas
Não são precisos comentários aos textos de S. Agostinho; apenas é preciso despir o supérfluo, interiorizar, ler e reler, pensar e...orar. Obrigada por trazer à recordação este texto.
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