Domingo
XXVI tempo comum
Os
outros são o verdadeiro desafio da vida. São Paulo considera que será preciso
cultivar bons "sentimentos", isto é, os sentimentos de Cristo, para
que o entendimento entre nós e os outros seja uma realidade.
Mas,
já é antiga a denúncia de que a relação com os outros não é pacífica. O mito de
Sófocles é claro, na magnífica "Antígona", ao proclamar no ponto alto
do diálogo o seguinte: "A teimosia merece o nome de estupidez". E
Hémon, um dos personagens da Antígona dirá alto e bom som: "Quem julga que
é o único que pensa bem, ou que tem uma língua ou um espírito como mais
ninguém, esse, quando posto a nu, vê-se que é oco". Toda a superioridade
perante os outros merece esta resposta e não pode ser senão a pior coisa que a
"louca" da imaginação de cada um inventa, destruindo assim o bem e a
felicidade que Deus deseja para o mundo.
O
estado de superioridade acontece nas coisas mais corriqueiras da vida. As
relações profissionais estão cheias desta realidade. As famílias alimentam-se
deste sentimento como do pão para a boca. As religiões ou as igrejas também
vivem esta condição com a mesma frequência com que pronunciam orações. E dos
que se consideram a si mesmos superiores, diz-se o mesmo que disse Ambrose
Bierce, são uns cobardes. E cobarde para este autor era alguém que, numa
situação perigosa, pensa com as pernas.
Este
sentimento, é o que mais inimigos, produz. Os rancores que muitas vezes as
pessoas expressam uns contra os outros estão associados à ao egoísmo e ao
convencimento pessoal centrado no ego muito longe da partilha para o bem comum.
E sobre estes sentimentos, Oscar Wilde ensinou que a melhor resposta, consiste
em perdoar-lhes sempre, porque nada os aborrece tanto.
A
sabedoria da vida está em saber acolher o mistério. Não são os desastres que
libertam e fazem a felicidade, mas a descoberta da verdade e da paz ("os
sentimentos de Jesus Cristo" - segundo o Apóstolo Paulo), como alimento
essencial para a relação com os nossos semelhantes.
Consequentemente,
Jesus no Evangelho ensina que não bastam palavras e declarações de boas
intenções, é preciso viver, dia a dia, os valores do Evangelho, seguir Jesus
nesse caminho de amor e de entrega que Ele percorreu, construir, com gestos
concretos, um mundo de justiça, de bondade, de solidariedade, de perdão, de paz. Afinal, «ninguém vence sozinho, nem no campo, nem na
vida!» Papa Francisco.
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