Ando perplexo e até
preocupado. São cada vez mais as pessoas que nos procuram com dramas interiores
incríveis. Problemas e mais problemas de ordem familiar, depressões, falta de
vontade, medos variados, azares e alguns em sobressaltados, mas crentes em
bruxas, bruxos, macombas e todo o género de porcarias que alguns sabidos fazem
com fumos, bebidas e comidas que dizem fazer todo o género de males.
Uma desordem geral. É
verdade que tudo isto sempre existiu. Ainda eu era criança e bem me lembro das
bruxas que se reuniam em determinados sítios, das luzes que elas acendiam em
lugares sinistros dos sítios, nos vales e montes. Também me afiançavam dos
diálogos e conversas que elas faziam e dos «remédios» caseiros que existia para
fazer mal e alguns para curar os corpos e as almas. Nada disto me foi estranho.
Ao longo do meu crescimento, educação e com o estudo fui percebendo que tudo
isto fazia parte do imaginário dos povos, que servia para apaziguar os ânimos
pelo medo e que alguns sabidos beneficiavam dessa ignorância dos pobres e
simples.
Hoje não há desculpa
para que pessoas às vezes com formação se deixem crer por estes disparates, que
justifiquem os azares e problemas que as atormenta com estas magias doidas.
Hoje vivemos iluminados
pelos avanços da ciência que também precisa que se acredite. Deve ser mais
fácil acreditar em bruxas e bruxaria, mas não deve ser caminho para resolver os
problemas. A razão e o pensamento são dons belíssimos que nos foram dados por Deus,
que devem ser sempre utilizados para procurar as soluções para os problemas
sejam eles de que ordem for.
É tão grave quando as
pessoas chegam atormentadas e dizem «foram coisas que me fizeram» (estão a
aludir à bruxaria), estive com este e aquele padre, eles confirmaram que «foram
coisas que me fizeram» ou que resulta da «inveja que têm de mim». Não se
percebe isto. Tenho presente o filósofo Sócrates (o da antiguidade), que dizia
que a inveja, os rancores, os ódios e quiçá o desejo que as bruxarias peguem, «que
são como beber um frasco de cicuta e esperar que o outro morra». Não é
aceitável que se alimente esta desgraça. O essencial a meu ver é fazer
despertar as pessoas para o bom senso, falar-lhes positivamente, convidá-las a
usarem a cabeça, serenarem e buscarem vontade e forças para serem elas em paz a
procurem por todas formas e caminhos a a solução para os seu problemas. Nada de
magias e nada de patetices de bruxas e bruxos que não passam de mercenários que
se aproveitam da fragilidade das pessoas para lhes extorquirem dinheiro. A
religião se não liberta, não serve para nada.
Aos padres, deve ser
requerido bom senso e capacidade racional para desmitificarem todas as magias e
na medida do possível alertar para a única realidade que merece fé, que é Deus,
o Evangelho e Jesus Cristo libertador.
Está visto, afinal, que o
mal do mundo não são os bruxos e as suas bruxarias - isso sempre existiu - mas
falta de bom senso de quem tem a tarefa principal que é pôr as pessoas a
pensarem no bem e não em tolices, que encegueiram e conduzem à alienação, ao
sofrimento e à morte.
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