O lado dos poderosos é mais cómodo. É mais
interessante e aliciante, porque arrasta mordomias, privilégios, benesses
variadas e glória prazerosa para o ego.
Mas este caminho não é o do Evangelho de Jesus de
Nazaré. O caminho do Mestre é o partido das vítimas em todas as circunstâncias.
Os tempos inquisitoriais que nós vivemos, não se
compadecem com as vítimas. A multidão ululante das redes sociais, onde pululam
bruxos/as, juízes, caluniadores e carrascos não se compadece dos frágeis e das
vítimas que cada vez mais aparecem como fruto das desigualdades e injustiças
estruturais que as sociedades montaram para benefício de alguns contra o bem
estar da maioria.
Por isso, de Jesus de Nazaré e do Seu Evangelho,
bebemos a inspiração para que nenhum comodismo, nenhuma moda, nenhum vento que
passe, atrapalhe o bom senso que manda estar sempre do lado das vítimas, mesmo
que isso nos custe um bom pedaço da vida.
O vazio da comunicação social em geral, toda ela
financiada por grupos económicos poderosos, lançou um vazio preocupante sobre
as nossas cabeças. Tudo manietado. Todos os agentes da comunicação social
condicionados. A pluralidade informativa é zero. A diversidade de opinião é chão
que já deu uvas. Por isso, contraditoriamente, para o bem e para o mal,
resta-nos ainda as redes sociais, que no meio de tanta miséria, ainda oferecem
alguma coisa onde se pode escolher sob a mediação de uma aturada filtragem.
É deveras intrigante que quando se esquece as
vítimas para valorizar um prato de lentilhas, sob o alto preço da perda da
dignidade, do caráter e dos valores evangélicos que são a razão de ser da
condição cristã, fica o mundo mais pobre ainda e perde-se completamente a razão
de ser da existência daquelas instituições que bebem do Evangelho. Daí a cada
vez mais emergente falta de credibilidade e o aumento da indiferença face às
instituições que nunca deviam esquecer o lado das vítimas.
Devia ser normal a inclusão das vítimas, fossem elas
quais fossem. Obviamente, que humanamente custa, mas não é princípio evangélico
amar a todos, particularmente, os inimigos? – Por isso, é inaceitável que as
pessoas fiquem privadas da comunhão ou excomungadas, quando contraíram uma segunda
relação, porque falhou a primeira e agora tentam refizer as suas vidas. Reparemos
neste absurdo, sob o domínio tenebroso da violência doméstica, se alguém matar
o cônjuge, pode depois confessar-se e fica logo integrado na comunhão, mas uma
segunda ou mais relações de amor não podem participar na comunhão.
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