Acordar num largo e doce silêncio. Uma sorte tão grande!
Sim, é uma sorte dos deuses, para não dizer dos
diabos, se pensarmos que continua a existir gente que morre quando quem os
lidera está cego pela vaidade e pelo desejo de provar a todo o custo a sua
superioridade.
Nessa enxerga de silêncio largo e doce, olhou para o
quadro, tipo pagela gigante de um santo desconhecido, onde pôde balbuciar rezando
entre os lábios as palavras em profundo reconhecimento na seguinte legenda:
«feliz do que pensa no pobre e no fraco, o senhor vai torná-lo feliz sobre a
terra, e não o entregará ao inimigo, transformando a doença em vigor».
As mãos esguias bem abertas e os dedos compridos e
finos, cobriram o rosto completamente e lentamente deixou que elas fossem deslizando
pelo rosto abaixo, ajudadas pela lubrificação das lágrimas que lhe saltavam dos
olhos num choro compulsivo, como se fossem rios em dia de chuvas abundantes.
Naquele momento sereno de liberdade outra vez
concertada pelo descanso e pelos pensamentos, sentiu um pulsar da alma misterioso
de onde veio este suspiro entusiasmante: «seja o que Deus quiser».
Nada vale tanto como um estribo. Os pés nos estribos
seguem o caminho certo e em segurança. Nada se consegue quando se perde as
estribeiras, a paciência. Bem haja a serenidade e paz.
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