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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A vigilância atenta às coisas da vida

Comentário à missa deste domingo, 1º advento, 30 novembro de 2014
Estar vigilante é o apelo que nos toma de assombro logo no início do tempo do Advento, palavra que significa vinda, chegada e que nos prepara para o grande acontecimento do Natal de Jesus no presépio de Belém.
Há uma pequena história que nos ajuda a pensar quanto precisamos de reconstruir o mundo e que essa reconstrução entraria desde logo em acção se a pessoa humana fosse reconstruída em cada dia da sua vida. O Advento alerta-nos para a necessidade da renovação da existência.
Escutemos. Um filho estava continuamente a incomodar o seu pai. Este, para distrair e se libertar dele, pegou numa folha de um velho atlas onde se encontrava todo o mundo; à escala muito reduzida, continha todos os continentes, países, cidades... Cortou-o em pequenos pedaços e entregou-o ao filho para que as compusesse. Pensou o pai: "levará muito tempo e assim deixar-me-á em paz". Passados alguns minutos, a criança regressou com o mundo perfeitamente ordenado. O pai, assombrado, perguntou-lhe: - Como é que conseguiste compô-lo tão depressa?
- Muito simples, pai. No reverso do papel estava desenhado um ser humano. Reconstruí primeiro aquela pessoa e o mundo foi-se articulando por si mesmo.
O Tempo do Advento, aquele tempo que nos prepara para o encontro com o homem empoeirado, de barbas raladas e grandes, passando ao lado de um rio, que está ali diante de mim. E Ele da outra margem faz-me um aceno afectuoso, certo que em mim existe abertura suficiente para acolher uma graça, um dom ou uma possibilidade de redenção.
Eis, o tempo que nos prepara para o novo, o sempre novo da vida. Por isso, chegou a hora para este mundo que parece andar perdido, nas entranhas tenebrosas do medo, da insegurança, da corrupção, da tristeza e toda a miséria que corrói a vida. Portanto, «vigiemos» para que possamos acolher o verdadeiro presente, Jesus Cristo, o Salvador do mundo.

Jornalismo terrorista

Todos nós estamos de acordo que o mundo actual está pautado pelo mediatismo e quase nada tem existência se não passar pela comunicação social. Até aqui tudo bem e estamos falados quanto a este aspecto. Porém, pede-se e desejamos que os agentes da comunicação social sejam honestos no anúncio das notícias.
De que falamos, quando falamos de «jornalismo terrorista»? - Falamos de um jornalismo resultado de um (sublinho um) telefonema de alguém descontente com qualquer situação, logo se aciona um jornalista de telemóvel em punho, para entrevistar o descontente, mais duas ou três pessoas (se as encontrar) e fotografar o que for para fotografar. Elabora-se a notícias como se fosse resultado de um vasto leque de entrevistas e como se de ambas as partes estivessem um batalhão de pessoas. A este jornalismo chamo de «jornalismo terrorista», porque irresponsável, sem o devido cuidado pela verdade dos factos e a dignidade das pessoas em causa.
Esta forma de jornalismo só cria injustiças e muito sofrimento. Por causa desta forma de fazer jornalismo, os meios de comunicação social caiem num descrédito muito grande. A credibilidade das notícias está na rua da amargura. A seguir esta rede de descrédito contamina toda a sociedade, como se fosse uma bola de neve que enrola a política, a religião e a sociedade em geral.
Alguns consideram que é disto que a sociedade se alimenta e que o público não prescinde de vítimas imolado pelo crivo do julgamento arbitrário sem provas e sem um aturada investigação pela justiça humana, mas não se deve descer ao nível do calhau para que se cumpra a missão de informar. Se quem deve elevar o nível não o faz, não contribui para o crescimento das pessoas nem muito menos ajudar a chegar ao fim da incultura que nos rodeia…  
Os assuntos tratados com esta ligeireza, ficam na mente das pessoas em geral só pela rama, porque são cada vez menos os que se preocupam com a seriedade e veracidade das coisas, basta que o jornal e a televisão tenham falado para ser verdade, não importa que tenha tomado o todo pela parte nem que tal inverdade tenha causado sofrimento e injustiça. As pessoas em qualquer forma de terrorismo pouco importam.
Esta comunicação social não serve, não educa e não informa. As notícias relacionadas com a Igreja são matéria incandescente, por isso, não são precisos muitos descontentes e muitos telefonemas para denunciar a coisa mais mínima, desde que meta padres ou algo com eles relacionado é suficiente para incendiar uma nação. Mas, é preciso mais seriedade e mais equilíbrio para que as coisas não se pareçam tanto com perseguição desenfreada nem muito menos com campanhas orquestradas para provocar a mais pura desordem e vitimar as pessoas tomadas no seu todo a partir de uma pequena e ínfima parte.
Penso que os jornalistas não precisam de ser tão pouco sérios e podiam obedecer mais aos valores e princípios éticos que qualquer actividade profissional acarreta. A bem do nosso mundo e a bem do jornalismo, é preciso mais verdade e cabe aos jornalistas procurarem todas as formas para dignificarem a sua classe. E, por fim, o jornalismo tem um papel importante na regulação da Democracia, porque deve ser denunciador verdadeiro de todos os abusos e atentados contra o sistema democrático e contra a pessoa humana. Se ao contrário for, lá teremos de concordar com os que dizem que muito do jornalismo actual é um «jornalismo de sarjeta».