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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo XI Tempo Comum
13 de Junho de 2010
O dom das lágrimas
O padre Tolentino Mendonça explica o sentido das lágrimas neste episódio do Evangelho de Lucas do seguinte modo: «as suas lágrimas substituem a água da hospitalidade que faltou. «Pelas minhas lágrimas, eu conto uma história», explica Roland Barthes. Segundo aquele ensaísta as lágrimas são uma realidade tudo menos insignificante. Porque temos muitas formas de chorar e essas revelam não só a intensidade do nosso desgosto, mas também a natureza da nossa sensibilidade. Porque ao chorar, mesmo na mais estrita solidão, nos dirigimos a alguém: esforçamo-nos para o outro não ver que nós choramos, mas a verdade é que nós choramos sempre para um outro ver. Porque as lágrimas emprestam um realismo particular, dramático à expressão de nós próprios. Na tradição bíblica é muito comum que o pranto acorde no homem a consciência da dependência divina. Ele reconhece a sua insuficiência, a debilidade das suas seguranças e reclama a intervenção favorável e protectora de Deus (1 Samuel 1, 10; Lamentações 1, 16)».
Sobre o quadro em si diz o seguinte: «A mulher entra e sai em silêncio, mas o leitor sente que a sua passagem se revestiu de uma eloquência ímpar. Em vez de palavras ela utilizou uma linguagem plástica, talvez mais contundente que a verbal. Representou, como actriz solitária, no palco da casa do fariseu, o seu monólogo ferido: com o seu pranto prolongado, os cabelos a arrastar-se pelo chão do hóspede, numa coreografia humilde e lancinante, os beijos e o perfume que mais ninguém ali teve a preocupação de ofertar a Jesus. A qualidade penitencial do personagem é testemunhada pelo território simbólico em que ela opera, os pés de Jesus, sete vezes referidos, e pela convulsão da sua figura (pois ‘desatar o seu cabelo em presença do homem era considerado, para uma mulher, uma grande desonra’)».
Toda a liturgia deste domingo pretende revelar-nos um Deus de infinita bondade e de uma imensa misericórdia, que sempre detesta o pecado, mas ama o pecador, por isso, Ele multiplica sem condições a oferta da salvação. A descoberta de um Deus com estas qualidades, nasce o amor e a vontade de vivermos uma vida nova, integrada na Sua família.
Deste modo, a primeira leitura apresenta-nos, através da história do pecador David, um Deus que não aceita o pecado, mas que também não abandona o pecador que reconheça a sua falta e aceite o dom da misericórdia e do perdão.
Na segunda leitura, o Apóstolo Paulo garante-nos que a salvação é um dom gratuito que Deus oferece, não uma conquista humana. Para ter acesso a esse dom, não é fundamental cumprir ritos, leis humanas observadas escrupulosamente, mas, é preciso aderir a Jesus e identificar-se com o Cristo do amor e da entrega, é isso que conduz à vida plena.
Foi realmente essa grandeza manifestada à mulher pecadora que lavou os pés de Jesus com as suas lágrimas. O dom das lágrimas, após o arrependimento sincero, conduz à salvação.

1 comentário:

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Padre José Luís, as lágrimas do Evangelho tem uma conotação de arrependimento. De alguém que pretendia fazer a sua "Metanoia". E foi o que fez essa Mulher e Jesus lhe disse "foi a tua fé que te salvou". O fariseu estagnou ficou só pelo cumprimento da Lei de Moisés , isto é, na hipocrisia do acusador, que só olha para os defeitos dos outros, daquele que nunca peca por cumpre rigorosamente a Lei; a Pecadora ficou no dinamismo das Bem-Aventuranças. Que move e modifica as pessoas. As lágrimas não humilham pelo contrário são oleosas, de tal maneira que, as pessoas tormam-se cada vez mais pessoas.Mais amorsosas umas com as outras sem ter fins arbitrários de acusações fúteis e escabrosas. Temos, portanto, uma Mulher que se libertou do pecado para ser livre. E temos um hipócrita que só vê o seu umbigo e não desata daí. E a Igreja infelizmente está aí. Só acusa. Os grandes teólogos progressistas, entre os quais o célebre Harring e a pedido do Papa João XXIII ficaram de fazer um documento sobre moral, os conservadores ficaram aborrecidos pq o Bondoso Papa aceitou esse documento progressista. Hoje a Igreja recuou. Está outra vez parada, travou.E é pena! Ficou na fase do farisaísmo, do acusador.