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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Morre o teólogo José María Díez-Alegría aos 98 anos

Muito crítico da hierarquia oficial da Igreja, Díez-Alegría trabalhou activamente com o Padre Llanos no Pozo del Tío Raimundo, um dos bairros mais pobres de Madrid. Santo e importante testemunho para gerações de católicos espanhóis, manteve até o fim o seu profundo senso de humor, que o levou a escrever livros como “Teologia en broma y en serio”. Foi um pioneiro e uma referência no pós-concílio na Espanha.
Teólogo, douto em Direito e em Filosofia, alguns dos seus livros, abertamente críticos da hierarquia oficial da Igreja, que censurava por sua aproximação com o capitalismo e o seu afastamento dos pobres, provocaram a sua saída da Companhia de Jesus, que abandonou em 1975. Mas não totalmente. Para escândalo de seus irmãos, um, chefe do Alto Estado-maior do Exército espanhol e, outro, director da Guarda Civil.
A sua obra mais polémica foi “Eu creio na esperança”, editada em 1972 e que vendeu mais de 200 mil exemplares.
Autor da frase “Deus não crê no Vaticano”, a sua denúncia da actuação da Igreja valeu-lhe acusações de pró-marxista. Nos anos 1970 e 1980 trabalhou activamente com o Padre Llanos e outros jesuítas na periferia de Madrid, especialmente em Pozo del Tío Raimundo.
Por elogiar Marx e criticar o Vaticano converteu-se “num jesuíta sem documentos”, como ele se auto proclamava. Um mito para alguns e um sacerdote maldito para outros.
Sempre manteve excelente senso de humor como bandeira: “É preciso confiar em Deus e rir-se de si mesmo”. Fé, humor e esperança foram sempre os fundamentos da sua vida.
in: amaivos.uol.com.br
Nota da redacção: Curiosamente um homem formado em direito e que faz esta opção radical pelos pobres. O crivo da lei, não é sinónimo de homens frios, cegos e automáticos. Pena que estas figuras desapareçam precisamente no contexto em que estamos a viver. Isto é, um tempo marcado pela frieza das leis dentro e fora das igrejas, o formalismo cómodo fala mais alto que a opção pelos pobres e o serviço do Bem Comum, a ostenção e a distância entre hierarquias e o povo é cada vez mais acentuada, o Evangelho está na gaveta e proclama-se o Direito Canónico como caminho único para o céu, as periferias e as margens da sociedade estão diabolizadas, a luta pelos poderes é a norma essencial de conduta para muita gente dentro e fora das igrejas... São estas figuras carismáticas que são o sinal, a última referência. Creio, porém, que Deus não nos desamparará e os pobres não podem ficar órfãos, porque são esses que Deus ama preferencialmente.

2 comentários:

M Teresa Góis disse...

ficou a Humanidade mais pobre, mas há Festa no Céu!

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Padre José Luis, ficamos mais pobres com a morte destes Homens. Este ano foi uns poucos. E todos com a pujança de viverem o Evangelho na plenitude aoponto de ser admoestados pelos tutores do império romano-vaticanista. Que grande teólogo foi Díez-Alegria. Jesuita e teólogo de renome internacional. Foi outro que por seguir Jesus foi ostracizado da Igreja que ele amou e quisera que ela fosse como o S.João XXIII "sem ruga e sem mácula com as janelas abertas ao mundo
Teve ele esse privilégio de abri-la com o Vaticano II, mas infelizmente, morreu com elas a fecharem-se novamente para que o mofo vaticanista do castigo, da autoridade posssam continuar a subsistir enveredando para a doração ao papa eaos bispos. E não ao serviço aos Irmãos sobretudo aos mais pobres. Temos aIgreja politica, diplomática com os poderosos e imoral(lavagens de dinheiro, pedofilia etc etc). O Padre José Maria Díez -Alegria foi um apóstolodo Amor, que fale a comunidade de Madrid. O seu sacerdócio foi exercido não na cátedra que lhe foi retira, mas junto aos marginalizados, aos pecadores sobre o olhar dos inquisidores Srs.Bispos. Padre Diéz - Alegria nunca te cales mesmo depois da morte e não nos deixes na mornaça, pq terás sempre seguidores tal como Jesus teve em ti um deles.