Domingo III Tempo do Advento
12 de Dezembro de 2010
Jesus elogia João Baptista
Nesta quadra de Natal, apesar de tudo, não nos falta nada de bens materiais, sempre aparece algum dinheiro para gastar no que é necessário e no que é menos necessário, porque todos temos um pouco esta avidez para procurar sempre mais do que aquilo que necessitamos. O nosso tempo oferece-nos uma mão cheia de tantas diversões quer através da música, quer através da televisão, quer através dos bares e parques de diversão para a noite e para o dia, temos uma grande variedade de lojas, supermercados, centros comerciais. Muita variedade de desporto, muitas festas, tanta e tanta coisa, que nem sempre temos tempo para vencer e alcançar todas essas coisas que a sociedade nos oferece.
Ora é perante esta abundância que salta o elogio de Jesus ao seu primo João Baptista: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? Então que fostes ver? Um homem vestido com roupas delicadas? Mas aqueles que usam roupas delicadas encontram-se nos palácios dos reis. Que fostes ver então? Um profeta? Eu vo-lo digo - e mais que profeta»... «Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o caminho. Em verdade vos digo: Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista. Mas o menor no reino dos Céus é maior do que ele». Muito interessantes estas palavras de Jesus relativamente à pessoa e a acção de João Baptista.
Então, vamos destacar a sobriedade, a pobreza e a simplicidade de João Baptista, tão elogiadas por Jesus. Não podemos negar que felizmente vivemos num meio onde a abundância é uma realidade que nos oferece um certo bem-estar e que nos proporciona uma vida feliz. Porém, não quer dizer que a abundância e a variedade das propostas sejam suficientes para estarmos completos por dentro nem quer dizer que tenhamos já encontrado o sentido autêntico para a nossa vida.
O que fazer para que o desespero não seja uma realidade dentro da nossa casa e dentro do nosso coração? - João Baptista aponta-nos um caminho claro e radical para que a nossa vida se transforme totalmente. Quer dizer que não basta ter coisas para ser feliz, é necessário encontrar um caminho que nos realize como pessoas autênticas, isto é, pessoas que não se deixam desanimar nem conduzir para o abismo da ausência de sentido.
Esta visão nova da partilha e do sentido verdadeiro das coisas é fundamental para o nosso tempo. Todos nós somos rápidos para rezar, cantar, fazer festa, mas, quando se trata de pôr à disposição dos irmãos os bens que possuímos… todos os nossos entusiasmos religiosos se desvanecem de repente. Ter uma vida religiosa não é nada difícil e quase todos a têm, uns com mais intensidade, outros com menos, todos têm um pouco dentro de si esse apelo para o religioso. No entanto, provavelmente, já serão poucos, aqueles que têm uma consciência bem vincada com o equilíbrio da espiritualidade e a vida concreta do dia a dia.
João Baptista é um exemplo nesse aspecto do desprendimento e no aspecto da coragem profética, emerge com voz segura perante os poderosos («raça de víboras», chama aos fariseus) e interpela sem medo a infidelidade de Herodes (facto que lhe custará a cabeça num prato. É este homem que Jesus admira e enaltece como o maior dos profetas, assim, seguiremos a palavra de São Tiago: «tomai como modelos de sofrimento e de paciência os profetas, que falaram em nome do Senhor». Que o Natal renove em todos nós estes nobres pensamentos e exemplos.
JLR
2 comentários:
Sempre tive uma queda por S. João Baptista...(no bom sentido...:)
Felizes o que te ouvem. Pelo menos ficam mais esclarecidos.
Padre José Luís, o Mundo actual precisa de ter profetas que façam frente a estas "profecias da desgraça" que a todos e a todas nos atormentam. João Baptista foi o precursor dessa Novidade inolvidável que é JESUS CRISTO.A metanoia -Conversão- Nós que O conhecemos, pelo menos nas liturgias que praticamos e participamos, somos os últimos a acreditar nesta vida que foi inaugurada por ELE. O Reino de Deus está próximo dizia o Baptista, mas nós sequazes dessa mensagem, acreditamos no que ela nos toca de passageiro e não na interioridade e radicalidade de uma práxis verdadeiramente cristã, jesuânica.Como viver o Evangelho num mundo que ritualiza Deus mas não o Ama,não vive a Mensagem que Ele dos deu e, nós, homens e mulheres do tempo moderno, queremos é o bem-estar material e tão somente isso. Tudo se resume ao espectáculo ao efémero e ao prazer. Deus passa por nós, mas não nos perturba, não nos envolve num projecto novo de vida a favor de todos e todas.Hj perante os epifenómenos, bem patentes entre nós, das alterações climáticas nem sequer a ideia de castigo nos toca como os antigos tinham, temos, sim, a ideia de que isto é tudo natural e que nós não temos nada a ver com isso. Somos os grandes produtores de lixeira e não fazemos o possível de diminuir.Os avantesmas do poder politico e económico são os primeiros a imprimir a cultura da alienação, do consumismo e do salve-se-quem-puder.Indiferentes estamos em relação a tudo o ques tá a passar-se e que está a matar vidas humanas e a destruir os nossos bens patrimoniais. Enfim, Vem Senhor Jesus! Meu Unico Salvador.
Enviar um comentário