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quinta-feira, 28 de maio de 2015

Herdeiros do mistério de Deus trinitário

Comentário à missa do domingo da Santíssimo Trindade, 31 de maio de 2015
Quem é a santíssima Trindade? - Quando falamos da Santíssima Trindade, é do nosso Deus que falamos. E quer dizer essencialmente «três». O Deus dos cristãos é trinitário, isto é, constituído por três pessoas: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. O Deus Filho, é o Deus enviado pelo Pai, re-vela o Pai plenamente e envia o Espírito Santo, que é o resultado do amor entre o Pai e o Filho. Isto é, mostra-nos o rosto verdadeiro do Pai. Um Pai amoroso que não desiste de salvar toda a humanidade (podemos lembrar aqui a famosa Parábola do Filho Pródigo).
O Filho foi enviado pelo Pai para anunciar a Boa Nova da justiça ou da salvação de toda a humanidade, Ele é o rosto visível do amor que informa a Trindade. Será da boca do Filho que recebemos a promessa do envio do Espírito Santo, o outro Deus da Trindade. Nesta realidade misteriosa somos tudo com todos, porque «ninguém está apenas para si no mundo, está nele também para todos os outros» (Gregório de Nazianzeno).
Este Deus, o Espírito Santo, é Aquele que vem depois de Jesus para acompanhar todas as Ações humanas em favor da causa de Deus. Ele é o Espírito da verdade e da justiça. Ele nos guiará para a verdade plena. Porque o Espírito Santo pode ser definido como aquele que unifica as três pessoas da Trindade, Ele é o nome do amor de Deus. Um caminho que segundo Santo Agostinho se traduz desta forma: «O caminho é estreito e difícil para aquele que caminha por ele com pena de si e tristeza; porém é largo e fácil para aquele que caminha com amor».
Mas, nunca serão os pensamentos e as palavras humanas que traduzirão este mistério. Porque a Santíssima Trindade, é o nosso Deus. E se falamos de Deus, falamos de um grande mistério. Um mistério, que nos acompanha e abraça constantemente em todos os momentos da vida. Todas as tentativas para açambarcar este absoluto, redundaram em asneira terrível contra quem experimentou essas investidas. Este Deus é e basta. Já Moisés desejou uma definição concreta, mas não a teve. Basta o mistério e a definição indefinida, «o Eu sou Aquele que sou envia-te…». Face a esta vontade de Deus, contemplemos o mistério e deixemos a nossa vida mergulhar neste mistério indizível, único que nos é dado acolher.
Conta-se que alguém ao passear sobre um caminho de muita poeira reparou que se formavam atrás de si dois pares de pegadas na poeira, mas, nalguns momentos reparou que estavam atrás de si apenas um par de pegadas. Na sua oração, confidenciou esse episódio da sua vida a Deus. Deus respondeu-lhe que um dos pares de pegadas era Dele que o acompanhava sempre. Mas esta pessoa diz a Deus: «Mas para onde foste quando eu mais precisava de ti»? Porque, o segundo par de pegadas desaparecia quando ele sentia mais dificuldades e quando tinha mais problemas na sua vida. Deus respondeu-lhe: «Nessas ocasiões, Eu carrego-te ao colo»!
Deus é essa realidade que está sempre presente e que nos carrega ao colo quando as contingências da poeira da vida se tornam mais difíceis de suportar. É este Deus que nos desafia fortemente e constantemente para que se inflame a construção da vida à nossa volta, «se fores quilo que Deus quer, colocarás fogo no mundo», dizia Santa Catarina de Sena e São Francisco de Assis, concretizou, «onde há caridade e sabedoria, não há medo nem ignorância».
E são Basílio deixou bem claro que não existe outro Deus, senão esse que se traduz na prática da vida e na realidade concreta do caminho. Diz assim: «Pertence aquele que tem fome o pão que tu guardas; àquele que está nu a capa que tu conservas nos teus guarda-vestidos; àquele que está descalço, os sapatos que apodrecem em tua casa; ao pobre o dinheiro que tu tens guardado. Assim tu cometes tantas injustiças quantas as pessoas às quais poderias dar». Um pouco duro e inquietante. O Deus misterioso desafia-nos à prática da partilha todos os dias da nossa vida e a lutar por um mundo mais justo e fraterno.

1 comentário:

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Padre José Luís Rodrigues, Amigo e Irmão, sobre o meu frágil comentário ao Evangelho deste Domingo, tenho alguma dificuldade. Gostaria mais de acreditar num DEUS PESSOAL e JESUS reúne essas três distintas realidades: O Criador , o Emissor e o Pneuma. O mundo foi com todas as imposições científicas dos Big Bang há, todavia, uma outra realidade intrínseca: A alegoria do Génesis dá muito colorido poético e musical à Criação. A ciência foge do antropomorfismo. E DEUS colocou o Homem no centro da sua Criação. "Faça-se o Homem à nossa semelhança" . O ser Humano está no altar do Mundo. Esta expressão está muito ligada ao Cristianismo em que o Homem é antropocêntrico. Está no centro da Criação e tudo foi feito para servi-lo. Esta imanência decorrente das outras está no Espírito. Na vivência sempre actual. Na Noosfera. Na divindade e na infinitude de tudo quanto foi criado. JESUS é a Essência e a Divindade Suprema do HOMEM. Não quero outro DEUS se não o de JESUS, que é AMOR, ALEGRIA E FELICIDADE. E o Espírito enche-nos todos dias com este Oxigénio Puro. Inalemos, pois, sempre. Esta Memória, porém, indizível e inefável. Um abraço