Comentário à missa deste domingo VI Tempo
Pascal, 10 de maio de 2015
A Palavra de Deus é viva e eficaz. Todos
os momentos da vida podem ser iluminados por esta Palavra que Deus proclama.
Não são estas ou aquelas formas de viver que dão consistência à Palavra de
Deus. Isto é, não é este esquema, esta forma de vida ou aquela opção pessoal,
que predefine a Palavra que Jesus nos envia. A Palavra de Deus está para a vida
toda e para todos os modos de existir assumidos com amor e para o amor. Nada
nem ninguém se pode considerar plenamente iluminado ou totalmente consagrado
pela Palavra de Deus, porque Deus não permite aprisionamentos ou domínios desta
ou daquela opção de vida. Somos chamados a guardar a Palavra com amor e não a
possuí-la com arrogância.
O Espírito - o outro nome que também diz
o amor - tem a função de nos convocar para o desafio do acreditar, não para a
condenação ou para o abismo da morte sem retorno possível. Por isso, o caminho
da fé iluminado pelo Espírito Santo, encontrará sempre o sentido pleno, porque,
mediante essa luz far-se-á a descoberta do amor a Jesus e a Deus Pai que o
Filho nos revela com o Seu ensinamento e com a Sua acção.
"Não fostes vós que me escolhestes;
foi eu que vos escolhi e destinei…". Esta frase é muito interessante,
porque a nossa vida muitas vezes está inquieta e perturbada com as artimanhas
do quotidiano e com a procura de um Deus ao nosso modo. O Deus de Cristo está
aí no mais simples da vida a chamar e a convocar para o amor. Dessa forma nos
escolhe e nos destina.
Porém, continuam a ser tantos os
momentos em que nos sentimos fora do amor, porque julgados pelos olhares
desconfiados dos outros, com ar de desprezo e de repúdio, por qualquer razão
banal; as palavras sem espírito e ocas que nos dirigem, que nos condenam e nos
fazem ficar tristes, revelam-se uma injustiça, muitas vezes, que ao invés de
levantarem, ainda fazem sofrer mais; as falsidades de palavras animadoras e
elogiosas, mas que por detrás nos afundam numa traição sem escrúpulos e sem
qualquer sombra de respeito; o Espírito de vingança que tantas vezes nos ataca
como se fosse alimento para viver com o prazer de ver os outros na mais pura
miséria; a mesquinhez das aparências, como se isso fosse o mais importante da
vida e da fé; a mediocridade do vazio de tantas situações que nos provocam um
sorriso de compaixão; as invejas, são outra tendência desumana e anti cristã
que poderão perturbar a nossa mente e o nosso coração…
Mas, infelizmente, embora, sendo tantas
as coisas da vida que nada têm a ver com o amor e que poderão inquietar e
intimidar o nosso coração, a esperança é nesses momentos a melhor das virtudes,
porque o amor tudo vence. Não há outro caminho para o sentido da vida e não há
outro modo de construir o mundo senão fazer a descoberta do amor apaixonado.
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