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sexta-feira, 30 de julho de 2021

A confusão entre católico e cristão

Há uma confusão geral entre uma coisa e outra. Pode-se ser cristão sem ser católico. Pode-se ser-se católico e ser cristão. Como se pode ser católico e não ter nada de cristão.

Muitas vezes vejo combater a expressão «sou católico não praticante» com argumentos cristãos, evangélico, para dizer que se é ou não é e que quem se diz católico tem que ser coerente, praticar o Cristianismo e o Evangelho. Tudo muito certo, se o catolicismo tantas vezes não tivesse cedido à mania de ser uma simples agremiação de adeptos igual a tantas outras que a sociedade inventou.

As sondagens sempre foram dizendo que os portugueses são «católicos, devotos de Fátima e liberais nos costumes». Não vejo nada de anormal nisto, porque corresponde efetivamente à realidade. Por mim ainda acrescentaria que a maioria está sim no rol dos «católicos não praticantes», mas que segue valores e princípios cristãos na sua prática quotidiana. A sociedade cresceu e desenvolveu-se, seguem os avanços científicos, a mentalidade e os costumes estão de acordo com os avanços sociais e tecnológicos, por isso, não me admira que exista a recusa de teimosias anacrónicas e costumes antigos que algum catolicismo queira manter.

A vida muda, as pessoas mudam e os comportamentos também mudam. Assim, condenar isto é contribuir para afastar as pessoas e para a sua recusa do catolicismo. São tantos a dizerem, como eu digo também, acredito em Cristo, não acredito na igreja católica da mesquinhez, do clericalismo e das hierarquias patéticas que se enfeitam tipo monarcas para serem adorados. Isso acabou e a sociedade de hoje recusa tudo isso. Ou o catolicismo se torna um testemunho de fraternidade ou não tem utilidade nenhuma, pois se for um singelo redil de arrebanhamento de pessoas, anda muito mal e aí sim, perverte o Evangelho e nada tem de Cristianismo.   

A maioria não liga às baboseiras pouco ou nada esclarecidas de muito clero católico que por esse país acima continua a viver a modos e com linguagem da idade média. Ainda bem. A sociedade desenvolveu-se. Pela riqueza e facilidade da comunicação global sabe-se na hora dos avanços científicos e reconhece a defesa dos Direitos Humanos, a generalidade das pessoas acredita que apesar das misérias todas, o caminho democrático da sociedade é sempre o melhor, a educação universal abriu as cabeças e tornou independentes as pessoas. Também se perdeu os medos e o discurso da condenação eterna às penas do inferno não colhe mais nenhum adepto. A imagem de Deus hoje é de misericórdia, de liberdade, porque deixa livre a humanidade para usar a inteligência, o coração e a sua autonomia. As agremiações conservadoras e fechadas sobre si mesmas, claro que não gostam de ver ovelhas livres, mas presas às saias do pensamento único.

Diante de tudo isto mudou a sociedade, agora precisa o catolicismo de mudar muito e tornar-se verdadeiramente naquilo que reclama dos outros, ser de verdade cristão evangélico. Essa infidelidade à fonte destruiu o catolicismo e se o conduzir à morte será bom.

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