Muitas vezes vejo
combater a expressão «sou católico não praticante» com argumentos cristãos,
evangélico, para dizer que se é ou não é e que quem se diz católico tem que ser
coerente, praticar o Cristianismo e o Evangelho. Tudo muito certo, se o
catolicismo tantas vezes não tivesse cedido à mania de ser uma simples
agremiação de adeptos igual a tantas outras que a sociedade inventou.
As sondagens sempre foram dizendo que os portugueses são «católicos, devotos de Fátima e
liberais nos costumes». Não vejo nada de anormal nisto, porque corresponde
efetivamente à realidade. Por mim ainda acrescentaria que a maioria está sim no
rol dos «católicos não praticantes», mas que segue valores e princípios
cristãos na sua prática quotidiana. A sociedade cresceu e desenvolveu-se,
seguem os avanços científicos, a mentalidade e os costumes estão de acordo com os
avanços sociais e tecnológicos, por isso, não me admira que exista a recusa de
teimosias anacrónicas e costumes antigos que algum catolicismo queira manter.
A vida muda, as pessoas
mudam e os comportamentos também mudam. Assim, condenar isto é contribuir para
afastar as pessoas e para a sua recusa do catolicismo. São tantos a dizerem,
como eu digo também, acredito em Cristo, não acredito na igreja católica da
mesquinhez, do clericalismo e das hierarquias patéticas que se enfeitam tipo
monarcas para serem adorados. Isso acabou e a sociedade de hoje recusa tudo
isso. Ou o catolicismo se torna um testemunho de fraternidade ou não tem
utilidade nenhuma, pois se for um singelo redil de arrebanhamento de pessoas,
anda muito mal e aí sim, perverte o Evangelho e nada tem de Cristianismo.
A maioria não liga às
baboseiras pouco ou nada esclarecidas de muito clero católico que por esse país
acima continua a viver a modos e com linguagem da idade média. Ainda bem. A
sociedade desenvolveu-se. Pela riqueza e facilidade da comunicação global sabe-se
na hora dos avanços científicos e reconhece a defesa dos Direitos Humanos, a
generalidade das pessoas acredita que apesar das misérias todas, o caminho
democrático da sociedade é sempre o melhor, a educação universal abriu as
cabeças e tornou independentes as pessoas. Também se perdeu os medos e o
discurso da condenação eterna às penas do inferno não colhe mais nenhum adepto.
A imagem de Deus hoje é de misericórdia, de liberdade, porque deixa livre a
humanidade para usar a inteligência, o coração e a sua autonomia. As
agremiações conservadoras e fechadas sobre si mesmas, claro que não gostam de
ver ovelhas livres, mas presas às saias do pensamento único.
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