«Fátima - A História de um Milagre», é um filme estadunidense de 2020 dirigido por Marco Pontecorvo. Está em exibição nos cinemas. É um filme fraco. Não há novidade nenhuma na história que conta.
No entanto,
mais uma vez serve filme para denunciar o estado da sociedade portuguesa da
primeira metade do séc. XX. Uma sociedade caracterizada essencialmente pela
pobreza extrema, o analfabetismo dominante e completamente mergulhada numa
religião infantil, cuja catequese se imponha pelo medo do diabo e do inferno. A
submissão ao moralismo doentio fazia o seu caminho.
Pensei que o filme se desbobinaria à volta do interessante diálogo entre a Irmã Lúcia (atriz brasileira Sónia Braga) e o professor, estudioso do fenómeno de Fátima, no convento de Coimbra onde estive muitos anos a Irmã Lúcia na Clausura. No primeiro diálogo, Lúcia, confessa ter lido os vários estudos do professor, que concordava com muitas coisas do que ele dizia, outras não, mas que apreciava muito as opiniões contrárias à sua.
O desenrolar
da história do filme interrompe-se, volta e meia, para ir ao diálogo entre os dois.
Aqui percebermos que estamos perante duas pessoas inteligentes, onde transparece
a crente e o descrente. O diálogo anda à volta do testemunho da Irmã Lúcia sobre
os acontecimentos de Fátima. O professor que recolhe elementos para o livro que
pretende escrever sobre Fátima, faz perguntas e remata provocações que desafiam
as certezas de Lúcia. Lúcia dá conta das suas certezas, é certo, mas não
esconde as suas dúvidas e dá laconicamente conta delas.
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