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sábado, 27 de novembro de 2021

Os sentimentos não são descartáveis

A nossa época é uma época triste e contraditória. Dizem-me que é o tempo dos amores líquidos, onde os sentimentos podem ser facilmente descartáveis.

O que noto antes disso é que há pessoas mergulhadas na fragilidade, inseguras, desconfiadas, ciumentas até das sombras, a beberam medos contra a proximidade dos laços, estão marcadas pelo passado que não integraram ainda nem cicatrizaram as suas chagas. As palavras que deviam expressar sentimentos, não passam de palavras iguais a palavras obscenas que se soltam em cada frase que se pronuncia. Estamos no tempo do amor e do desamar à velocidade da luz, como alguém denominou.

Neste contexto temos um leque bem variado de opções que ajudam a colmatar as solidões e as carências, Facebook, Whatsapp, Instagram, Tinder, Twitter… É triste que alguns alimentem a ingénua ilusão de descobrirem amor nestes meios, quando se sabe à partida que
aqui não existe amor nem pode pingar amor.

Mas, há uma coisa que dali se retira, que não sei se é bom ou se é mau, nada nos apega a nada, quando não está bom apaga-se, descarta-se, bloqueia-se, deleta-se... E porque é tão fácil assim, transporta-se isso para as coisas da vida, mesmo que algumas delas requeiram mais atenção, cuidado, delicadeza, porque se trata de pessoas e dos seus corações.

Porém, esquece-se que fora dos teclados e dos ecrãs, há pessoas, corações, mãos e pés, um corpo inteiro, que guarda sentimentos, sonhos, desejos e que almeja ser feliz. Pensar mil vezes nisso deveria ser ainda muito pouco, porque mantém-se a máxima do sábio rabino Hillel que ensinava, «não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti», esta é toda a Lei e os Profetas.

Para tanta gente o amor é líquido. No entanto, quero crer que nem que seja em meia dúzia de pessoas deste mundo, ele ainda é sólido, totalmente real porque se alimenta fora dos parâmetros das vias frívolas e voltáveis dos tempos da comunicação virtual.

Fica o desafio, antes de magoar um coração, pense antes dez mil vezes, que pode ser um morador dessa casa.

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