Uma Carta do Leitor do dia 20 de Junho de 2009, no Diário de Notícias do Funchal diz o seguinte: «metem-se ao baralho as afirmações e posturas de três padres que nem participaram no referido encontro. Uma vez mais juntam-se os "ingredientes da maledicência", que em última instância visam atingir o nosso Bispo: colagem da Igreja ao Governo, situação da Comunidade da Ribeira Seca e do padre Martins Júnior, subsidiodependência e o património da Diocese». Esta carapuça «decente» enfia quem quiser e a quem se dirige mesmo.
Que pobreza de espírito manifestam estes defensores de encomenda. Estes «Libaninhos» do tempo presente - alusão à personagem tão castiça, o Libaninho, do romance de Eça de Queiroz, O Crime do Padre Amaro. Só quem não quer ver mesmo o que se tem passado na nossa terra de conluio entre poder religioso e poder político. Felizmente lá vão os tempos em que o povo tudo acreditava, tudo seguia cordialmente. Agora, resta este espírito sectário de uma igreja que não quer se abrir ao mundo e mudar tudo o que deve ser mudado. Antes prefere consolar-se com o que resta, o pequeno rebanho que bate palmas, levanta os braços para cantar e se subjuga às manias de meia dúzia de figurões que se consolam com a vestimenta clerical.
Maledicência é não querer ver o óbvio e defender o indefensável. "Ingredientes da maledicência", são todos os espíritos fechados que se reduzem ao pensamento único e não permitem que as coisas se façam com o contraditório. Maledicência, é fazer-se «voz do dono», com segundas intenções e enveredar pelo caminho que entrega uns ao inferno e outros, quais santarolas da verdade pastilha elástica, a entrar no paraíso. Esta lógica não merece atenção e deve receber de todos nós o mais veemente repúdio a bem do Evangelho, que prefere sempre os desalinhados e os desprezados da vida.
Por tudo isto, prefiro passar da maledicência à Divina Comédia de Dante Alighieri, pelo menos a diversão torna-se mais profunda e literariamente enriquece esta pasmaceira geral em que estamos mergulhados. Por fim, fica mais clara nas nossas cabeças a estratificação catequética, ora vejamos: o inferno, para os que ousam opinar contrariando alguma coisa, (e para estes lá está o letreiro na porta do inferno: «Ó vós mortais que entrais, deixai toda a esperança!») o purgatório, para a imensa multidão que nada liga ao que a igreja diz e faz, mas com esses a tal igreja, dorme descansada, porque com eles pode muito bem e o paraíso, para os santarolas que restam na igreja para bater palmas e levantar os braços para cantar. Há determinadas decências que resultam no ridículo e são patéticas quando a verdade salta aos olhos de todos. Haverá comédia melhor do que esta? – Penso que não.
4 comentários:
Está muito bom. É preciso de uma vez por todas a igreja se libertar desses sacripantes, desses soldadinhos do bispo, que mantêm sempre fechadas as portas do castelo e de binóculos ofuscos estáo sempre a ver a invasão de inimigos. Em lugar de fazer irmãos tal como diz o Senhor Jesus e os Apóstolos fazem sempre inimigos a abater, sejam padres ou leigos que como eles querem uma igreja "sem ruga e sem mácula".Um abraço, Ângelo Paulos
A Igreja lembra-me o Partido Comunista, muitas vezes - não se pode criticar, não se pode opinar, não se pode inovar! É por isso que o PC não tem grandes votações.Uma "Família" sem crítica, é uma Família morta. Uma "Família" sem diálogo, é uma Família acomodada.Houve tempos da Idade Média mais brilhantes...
O seu mal Reverendo é que " mordeu a maçã do jornalismo" e confundo-o com a de sacerdote.Há muito que leio as suas " bicadas", quer no DN, quer noutros espaços, e noto o afã de sobressair, de se fazer notar.Isto de ser cura nos tempos que correm, e com as " duas paróquias" e falta de vocações e ordenações , faz com que os poucos activos se " valorizem".Sinal dos Tempos, como diria o Outro. E claro, e em consequência , " A moderação de comentários foi activada. Todos os comentários têm de ser aprovados pelo autor do blogue.".Como não poderia deixar de ser.Tudo consequente.
Bruder
Não costumo dar muita importância a «anónimos», mas publico o seu comentário, para ver que não sou de me esconder sob capa nenhuma, como o Bruder acaba de fazer. Nem muito menos penso e quero um mundo monocolor, nem de pensamento único. Guardo a sua «bicada» e fique certo que não confundo as coisas e que podia fazer muitas outras coisas além de ser padre ou jornalista. As minhas «bicadas», não são para sobressair, mas são para partilhar, acho que tenho esse direito. Então pensará que tudo o que se faz na comunicação social, na cultura, na arte, na política, nas religiões... é tudo para sobressair? Se quiser falar comigo não se esconda, apareça, o anónimato é covardia e falta de carácter.
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