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sexta-feira, 9 de abril de 2010

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo II da Páscoa ou Domingo de Pascoela
11 de Abril de 2010
Meu Senhor e meu Deus - Ev. Jo 20, 19-31

Não é nada fácil acreditar sem ver. Todos nós temos experiências quotidianas que marcam profundamente essa realidade. Não gostamos de receber ou comprar a coisa mais insignificante sem primeiro vermos bem o que nos vai chegar às mãos. E não é por acaso que a descoberta melhor que se faz da Páscoa, é que nela estão contidos dois verbos curiosos, o verbo «Ver» e o verbo «Acreditar».
Ora bem, Jesus garante-nos que a sua ressurreição está sempre acontecendo. E serão muito felizes todos aqueles que acreditarem sem terem visto concretamente a pessoa de Jesus, isto é, a realidade histórica propriamente dita. Quer isto dizer que a ressurreição, é uma realidade profundamente espiritual que acontece no fundo da existência de cada pessoa que acredita de verdade. Vê com outros olhos que não os do rosto, o olhar interior, que é sempre o mais importante.
Nenhum argumento prova de verdade que a ressurreição aconteceu nem importa provar a ninguém que tal acontecimento é um facto da história. O mais importante de tudo é que cada pessoa seja capaz de acolher com sinceridade na sua vida pessoal esta proposta de esperança que Jesus nos oferece.
Os felizes, que se refere Jesus neste Evangelho, são todos os que acolheram nas diversas épocas da história do cristianismo a ressurreição como elemento essencial da sua fé e esperança na salvação de Cristo.
O Cristo da ressurreição continua a ser o Jesus da paz. A sua apresentação aos Discípulos é reveladora: “A paz esteja convosco”. A paz é o outro nome de Deus. Aí está mais um elemento curioso para definir Deus. Jesus, o enviado, vem do lugar da paz e mostra-se aos homens com o novo nome do amor, a paz. Já sabemos que sem a paz a felicidade não é possível.

3 comentários:

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Padre José Luís, A Ressurreição é como, o meu Ilustre Amigo, diz só com olhos interiores é que podemos vê-la e senti-la numa primavera contínua da vida. Indubitavelmente, a PAZ está mais ligada à Ressurreição de Jesus Cristo que a tenebrosa morte. Esta para quem tem fé foi vencida; foi mergulhada no "cabo das tormentas" que cada um de nós tem ou vive. Um homem de Fé é um ressuscitado em potência que só acredita, não na mediocridade, no pensamento doentio e mórbido, mas nos verdadeiros "amanhãs que cantam", na revolução permanente como disse Paulo Freire. Um outro Cristo do sec XX esquecido nas catacumbas do desconhecimento humano. Ele e Ivan Illich foram os tutores, os maieuticos de uma Educação para a Liberdade. E a Páscoa é isso.

Autor do blog disse...

Caro Ângelo, muito agradecido pelo seu comentário muito interessante e pela sua sempre pronta colaboração. O Banquete, é nosso, é de todos os que desejam partilhar o farnel da palavra. A ressurreição, só é entendida a partir de dentro, desse olhar secreto da alma, quando vista a partir daí, emerge o acreditar e depois o testemunho em modo de vida de acordo com o nosso único Mestre e Senhor Jesus Cristo.

M Teresa Góis disse...

A Ressurreição, como a entendo, não é uma data no calendário.Isso é o que corre nas massas. A Ressurreição é a Alegria interior que sentimos e que se espelha nos olhos, é aquele sentimento volátil, a força de cada conquista, o pensamento ao ver uma flor, abraçar um velhinho, estar como uma criança.É ainda o sentimento de treva, de aridez, de entrega. É saber que temos Pai, que temos colo, se o soubermos pedir ou aceitar. É assim que eu sinto.