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sábado, 2 de abril de 2011

Deus Mãe e Pai

O papa João Paulo I, no seu brevíssimo pontificado afirmou que “Deus é Pai e Mãe”.
Esta afirmação do papa sorriso, impõe uma mudança radical da mentalidade judaica e patriarcal, que é a fonte do cristianismo. A figura de Deus – Pai, não está teologicamente errada. Mas é muito salutar começar a olhar de outro modo o amor maternal de Deus. Deus é o Pai e a Mãe que nos corrige e derrama a Sua misericórdia sobre nós, num gesto de profundo amor materno. Precisamos cultivar a dimensão feminina de Deus. A teóloga Maria Clara Bingemer, professora de teologia (PUC – RJ) vai além, e estende a dimensão materna às três pessoas da Santíssima Trindade, dizendo “Cada pessoa da Trindade é uma harmonização de características masculinas e femininas”.
A doutora em religião sugere algumas passagens que fundamenta a sua tese, vejamos: “Como a uma pessoa que a sua mãe consola assim eu vos consolarei”. (Is 66,13). “Por acaso uma mulher se esquecerá da sua criancinha de peito? Não se compadecerá ela do seu ventre? Ainda que as mulheres se esquecessem eu não me esquecerei de ti”. (Is 49,15).
Outra expressão do amor materno de Deus pode ser experimentada com Maria. Ela não é Deus nem Deusa como diz a música Senhora e Mãe “Não és deusa, não és mais que Deus. Mas depois de Jesus, o Senhor. Neste mundo ninguém foi maior”. Maria é expressão do amor de Deus para com a humanidade.
A maternidade sempre foi uma bênção para Igreja. E na fecundidade de uma gestação expressa de alguma forma o amor de Deus para com os seres humanos.

Márcio Alexandre da Silva, formado em filosofia e educador
Agora vejamos o famoso quadro, o Regresso do Filho Pródigo, de Rembrandt:
O quadro, o Regresso do Filho Pródigo, que está no Museu Ermitage, em San Petersburgo, cujo foco, o centro dramático onde a luz incide, é o contacto entre o pai e o filho acabado de chegar. A cabeça do filho encostada ao peito e aquela posição de sujeição ao pai, perante a contenção dos outros elementos-testemunhas presentes, que aguardam, expectantes, são factores que falam com eloquência do momento do regresso a casa. Curiosamente não há palavras, apenas gestos. E aqueles silêncios que por vezes se tornam ensurdecedores.
Roto, meio descalço, abatido, arrependido, surpreso pelo acolhimento paternal, está lá tudo.
As mãos do pai/mãe (curiosamente uma mão feminina e outra masculina) repousam cuidadosa e delicadamente nas costas do filho que regressou. Estão abertas, como que a acalmar o seu coração e a garantir-lhe, pelo toque, a sua intenção inequivocamente de perdão e o desejo de ver este filho que estava perdido, agora restaurado, de novo “encontrado” para o pai/mãe.
Com o desejo grande que Deus Mãe/Pai dê a todos um feliz fim de semana...

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