O balão negro Numa grande romaria, um vendedor de balões segurava uma quantidade enorme de todas as cores. Para atrair a petizada soltava de vez em quando um balão de cor garrida: ora vermelho, ora amarelo, ora verde, etc.. Mas também tinha balões de cor preta, mas soltava de preferência os outros que eram mais atraentes.
Os balões subiam perante a algazarra das crianças que acompanhavam com o olhar a trajectória até desaparecer.
Entre as crianças ali reunidas estava um pequeno de cor negra. Ao ver subir os balões de todas as cores excepto a negra aproximou-se do vendedor e perguntou-lhe: se você soltasse um balão negro, ele também subiria? O homem sorriu, porque entendeu a razão da pergunta do pequeno, soltou um balão de cor preta que se elevou rapidamente nos ares e disse-lhe: meu menino, não é a cor que faz subir os balões, é o que está dentro. Aquele pequeno negro habituado a algum desprezo racista, julgava que aquele balão não subia porque a cor não deixava, julgando que era um balão inferior.
Mas o homem deu-lhe uma explicação importante: não é a cor do balão que o faz subir ou não. É o que ele contém dentro que o eleva e o transporta para longe.Cada homem pode comparar-se a um destes balões. Qualquer que seja a sua cor, o seu tamanho, o seu peso, a sua fortuna, não é isso que o faz subir na verdadeira escala dos valores. É o que contém dentro: é a riqueza da alma que contém dentro de si.
Mário Salgueirinho
1 comentário:
Clap,clap,clap...Que metáfora maravilhosa!!! Elevou meus sentidos....Muita Luz! Grata pelo conto!
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