Domingo XVIII Tempo Comum
31 de Julho de 2011
O banquete - a fartura de Deus
A imagem do banquete aparece muito na Bíblia para demonstrar a intimidade de Deus com o seu povo. Isaías recorre muito a essa imagem. Nesta passagem o profeta reanima a esperança dos hebreus deportados na Babilónia com a promessa de que Deus oferecerá uma grande abundância de felicidade (o vinho representa abundância e é sinal da festa). Neste texto descobrimos a certeza também para nós de que nada está perdido, quando somos confrontados com dificuldades não devemos desanimar, mas confiar e acreditar que Deus nos chama para a fartura da alegria e da felicidade do sentido da vida que a Sua intimidade revela. Consideremos este texto um convite, um convite que é dirigido primariamente aos «pobres de Iahweh», os sedentos, os indigentes... Porque o amor preferencial de Deus está votado em primeiro lugar para esses.
O milagre da multiplicação dos pães é dos mais impressionantes. Assim é que o encontramos relatado nos 4 Evangelhos. A multidão segue Jesus até ao deserto, aí Jesus compadecido mata a fome ao povo. Eis uma imagem do banquete da fartura que Deus tem para oferecer. É interessante o diálogo de Jesus com os discípulos descrentes e a capacidade que Jesus manifesta para resolver um problema. Quanto mais impotente a vertente humana quanto mais se manifesta a maravilha da acção de Deus («Os discípulos, ainda só o consideram como homem» - S. João Crisóstomo). As sobras e o número dos comensais manifestam o quanto é abundante o dom de Deus. Os discípulos sãos os mediadores entre Jesus e o povo, esta acção continua hoje na Igreja e pela Igreja que convida os fiéis a saborearem a Eucaristia e a Palavra de Deus como alimento do céu para o seu interior. Nesse encontro encontro eucarístico, os comensais, tomam o ingrediente da coragem, o sentido para a vida e a esperança no futuro. Estes são os principais elementos do banquete de Deus que devem ser servidos a todos com a mesma solicitude de Jesus, muito bem expressa no texto do Evangelho. Muito mal andamos quando alguns na Eucaristia não podem saciar-se com os elementos visíveis, porque qualquer contingência da sua vida esbarra com regras pouco cristãs. Estes irmãos são como se nós convidássemos alguém para jantar e depois não permitíssemos que ele comesse junto connosco.
O Cristão que saboreia em Jesus a liberdade, também acolhe uma vida nova em que está presente o Espírito de Cristo Ressuscitado, que o liga ao Pai e ao Filho. Tudo isto envolto no grande amor de Deus por nós. Quem recebe esse amor não tem nada a temer. Pode vencer todas as dificuldades que encontra diante da relação com os outros. A enumeração impressionante de forças misteriosas, espirituais e cósmicas, que segundo a opinião corrente influenciavam a vida dos homens, serve para concluir uma vez mais de forma consistente, nada nos poderá separar do amor de Deus manifestado em Cristo. O amor de Cristo é, pois, o fundamento da nossa liberdade e da nossa esperança.
JLR
7 comentários:
Gostei muito do seu blog
ja vi tantas coisas na internete acercas das coisas de Deus, gosteim desse blog expoe de modo diferente.
Muito obrigado Cíntia. Seja benvinda e venha sempre. Tudo de bom e um abraço com a bênção de Deus nossa Mãe/Pai.
Padre José Luis este texto nutre-nos sabedoria, criatividade nos actos da solidariedade que tanta falta fazem ao mundo de hj. A fome que grassa a milhões de homens e mulheres, crianças e idosos, fruto de um egoismo atroz, frente à opulência do poder, do dinheiro.Quem diria que há portugueses que neste tipo de crise as suas fortunas cresceram 17,8 enquanto aos esfomeados e espoliados desceu mais do que 17, 8. Tudo cristãozinhos de campanário.Visitas assíduas do Santuário de Fátima ou de outros e até do Vaticano para receberem a benção papal. Triste mundo é este. O Cristianismo é a religião da Partilha. O nosso Deus doou-nos riqueza espiritual e material para que o Homem "tivesse vida em abundância". O Pão da Eucaristia é o símbolo do Pão alargado e multiplicado e não dividido ou diminuído. É para todos de modo que todas e todas tenham o Pão. Que não morramos de fome, como tristemente se assiste em todos os lugares do mundo , onde só se fala numa economia para os poderosos e ricos.Os ladrões do sistema. Agiotas sem escrúpulos que tudo nos roubam. Tão lindo é o seu texto que exprime o Evangelho Vivo do Senhor.
Senhor reparte o Pão connosco pq nos encontramos desesperados.
Muito obrigado amigo ângelo pelo sue comentário, uma achega muito importante.Um complemento ao texto. É comentário ao Evangelho, feito realidade actual, qaue nos lembra o quanto este mundo permite a fome e com ela a morte de tantos irmãos nossos. O reino de Deus é fartura, abundância de vida plena, não para os poderosos e abastatados desta vida, mas para os pobres, os simples e os famintos que a riqueza de alguns vai semeando por todo o lado. Bam haja e obrigado pelo seu contributo imprescindível..
Meu Caro Amigo.
Li algures em tempos que já não me recordo, uma passagem que dizia:-
Rico, não é aquele que tem dinheiro mas sim, aquele que olha a humildade como riqueza.
Belo texto.
Caro João, de facto o verdadeiro rico não é o que tem bens materiais... Está mais que provado e esta crise que nos afecta comprova-o claramente, a riqueza que salva, que dá sentido à vida e que melhor porporciona boa convivência não radica nos bens materiais. Um abraço e tudo de bom.
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