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terça-feira, 19 de julho de 2011

Os medos que nos perseguem

A nossa terra está enferma, não por causa de uma dívida astronómica, mas por causa dos medos. O medo tomou conta de toda a gente. Este estado de coisas resultou de anos e anos de um trabalho muito bem pensado para dominar e tomar conta de toda a realidade. As circunstâncias materiais permitiam que assim fosse, mas chegados à escassez de dinheiro (as condições para fazer empréstimos apertaram), a educação cívica anda pelas ruas da amargura, a perda do poder hegemónico parece ser uma hipótese plausível, então, entra-se pelo caminho do descontrolo da linguagem e os valores da Democracia que até permitiram alimentar os medos e todos os vícios são enviados às urtigas. O medo tomou conta da razão.
Autor Ralph Waldo Elerson, filósofo e poeta, disse: «faz aquilo que receias e a morte do medo será certa». A sociedade madeirense precisa de enveredar por este caminho, enfrentar o medo passa por aqui, permitir que aquilo que receia avance e venha, mesmo que nos façam crer que seremos dominados pelos piores diabos. Não nos libertaremos do medo da perda das pensões, o medo da perda do emprego, o medo de ser marginalizado, o medo de passar fome, o medo de ser perseguido no trabalho, o medo de ser enxovalhado na rua, o medo de qualquer género de perseguição sem força interior para enfrentar as forças que se alimentam desses medos. E o sorriso e indiferença perante estes medos devem ser logo o caminho a seguir.
Porém, salvaguarde-se que o medo normal é bom, o medo anormal, isto é, o medo criado pelos outros e pela «louca da nossa imaginação» (Santa Teresa de Jesus), é mau e destrutivo. Deixar-se dominar pelos pensamentos do medo acarreta sempre o medo anormal e a embriaguez das obsessões e complexos será sempre uma realidade na vida de qualquer pessoa vergada ao medo. Dizem os pensadores da pessoa que nascemos com dois medos, o medo de cair e o medo do barulho. Todos os outros medos são tomados pelas circunstâncias, por isso, livremo-nos deles. Não precisamos de outros medos para levar a vida para diante.
Entre nós, os medos adquiridos são muitos, individualmente e colectivamente. Ambos precisam de uma luta dura para que sejam vencidos. Neste sentido, é preciso que a nossa sociedade cresça e toda junta comece a libertar-se e a não ter medo de ser marginalizada, insultada e eventualmente sofrer as piores represálias. Por esta via, basta que se considere que quem se alimenta do medo dos outros, tem mais medo do que todos nós juntos e que a dignidade perante todos os interesses é o bem maior que a vida nos deu. Assim, amemos a dignidade com todas as nossas forças e não permitamos que nos verguem ao medo.
E dado que entramos pelo caminho do calão e da ofensa brejeira para continuar com o medo, seria importante que consideremos tais palavreados, vindos de quem vem, como pérolas preciosas. O medo não merece outra coisa senão que cada um tenha a coragem de enfrentar os medos com firmeza ou então com a maior das desconsiderações ou indiferença absoluta.
A sociedade madeirense precisa desta libertação. Mas, cada um individualmente deve fazê-lo. O colectivo faz-se com o contributo de cada um. Assim, deixe que a razão fale mais alto e deixe-se conduzir pelo amor-próprio, concentre-se no desejo de libertação, aquilo que é o oposto dos nossos medos. Este é o amor que há-de expulsar todo o medo. Vamos acender a luz da razão e aprender a sorrir dos temores. Este é o melhor remédio para a mudança de vida na nossa terra e da vida pessoal de cada um individualmente. O melhor remédio está aí, não temerei o que virá e venha o que vier, não virá por mal. E se eventualmente vier o mal, logo encontraremos forças para o vencer, porque o medo deixou de nos ensombrar a razão.
JLR
Imagem: "O grito", obra expressionista do pintor Edvard Munch...

1 comentário:

Espaço do João disse...

Embora já tivesse comentado no facebook, volto a comentar aqui.
Há duas coisas na vida que não tenho:- Medo e dinheiro, pois esses bens não me fazem falta. Basta-me a consciência tranquila.