Nota da redacção: Texto interessante sobre o estado das coisas. Eles são o flagelo da pobreza, a fome, a corrupção, o açambarcamento dos bens que são de todos por alguns cegos pela ganância e o egoísmo - uma série de situações que escravizam a humanidade e a inferiorizam à indignidade... A visão seguinte é importante sobre o desarranjo em que está o nosso mundo. É preciso pensarmos todos, o mundo e a vida em sociedade, porque estão em causa muitos valores que a serem esquecidos remetem a dignidade da vida para o caixote do lixo. Obrigado ao padre Tavares pela reflexão...
Os prostitutos do dinheiro nós sabemos bem quem são. Uns andam bem vestidos, procurando significar dignidade, autoridade e justiça: são governantes, políticos, banqueiros, grandes empresários, etc. Outros não têm cara nem qualquer identificação: são os abstratos donos do grande capital, das drogas, das máfias e mais.
Todos circulam bem na Sociedade e fazem dela a sua amante. Usam estratégias. A primeira estratégia neste último desenvolvimento mundial foi de atracção: o dinheiro a rodos, o facilitismo, os empréstimos, um mundo cor-de-rosa a entrar pela porta dentro, a revolução industrial distribuída ao domicílio.
Agora é o tempo da submissão. Está projectada no grande ecrã a crise, melhor, as muitas crises.
Quantos milhões estarão rendendo os apertos nos impostos, a redução dos benefícios e direitos sociais das pessoas e a contínua perda de emprego? Quantos bilhões tentarão sugar aos portugueses, gregos e irlandeses com as troikas? E muitas outras troikas se anunciam.
A Sociedade aceita quase como natural estes acontecimentos e nem dá pelo disfarce. Todos nós vivemos enleados nas suas redes e, quer queiramos quer não, somos usados como as fêmeas do lucro.
Qual o esquema que utilizam? O peso do dinheiro é quem dá ordens. Nós o temos, nós mandamos. Segundo eles a regra nº 1 do desenvolvimento mundial é o comércio. Dizem que é histórico, já com milénios, portanto indiscutível. E, no mercado, quem tem dinheiro é quem dá cartas.
É verdade que existe a política e os governos e temos que, pelo menos, parecer que os respeitamos. Porém, de qualquer modo, estamos acima.
Porque fazemos parte da Sociedade e vivemos dela, também pagamos alguns impostos. Mas a nossa casa contributiva são os paraísos fiscais. Depois fazemos parcerias, (compras de consciências no escuro), com os governantes, políticos e outros, para termos leis favoráveis, polícias protectoras e justiça tolerante.
Demos um pouco de atenção às grandes injustiças nascidas destas lógicas e comportamentos de ambição assassina.
A riqueza acumulada em poucas mãos já vai muito longe. A revista Visão de 7 de Julho, na pg. 59, trazia em letras bem visíveis: “1% da população mundial detem 57% da propriedade global e utiliza os paraísos fiscais para aliviar a carga fiscal.”
Já repararam na enormidade do crime que isto comporta? Não tem nada a ver com a propriedade privada das pessoas, das famílias, das pequenas e médias empresas, bens produzidos e manuseáveis pela capacidade dos próprios donos.
Estas superriquezas superpolíticas e supergovernamentais são a degradação e destruição da identidade das pessoas, da identidade da Natureza, da biodiversidade, o sustentáculo da vida e, por fim, do Planeta, a casa da Humanidade.
Segundo a FAO, actualmente 75% dos alimentos mundiais são gerados de apenas 12 plantas e 5 espécies de animais. O restante vai desaparecendo porque é pouco lucrativo.
Podemos dizer: o doido anda à solta, a vida está no cofre e ele com a chave na mão.
O dinheiro é o sangue social que dá vida às comunidades humanas. É o fruto do labor humano que, durante milénios, produziu riqueza, um património vivo em favor dos vivos. É a doação dos que vão morrendo, as mãos dadas entre as gerações que se sucedem.
Este bem social foi, aos poucos, sendo sugado por este grupo que traz nas veias o sangue negreiro dos colonizadores que, nos séculos XVI, XVII e XVIII arrasaram o Novo Continente.
Estes “donos do mundo”não são produtores de riqueza. São sim os açambarcadores do suor humano, instalando nas sociedades o desemprego, a miséria e a morte. Até, pela desmontagem que provocaram na vida laboral, já impedem as pessoas de viver do suor do seu rosto.
Aonde já chegamos: as pessoas arrancadas ao seu direito natural de viver da dignidade do seu labor!?...
Um abraço para as vítimas e um grito em favor da organização na resistência. Superemos o mundo democrático das subserviências em votos, serviços e mão estendida. Construamos povos de mãos dadas, de olhos abertos e dinâmicos na execução das suas obrigações e direitos.
Temos de descobrir gente com dignidade e de pé, para ocupar os cargos da responsabilidade política, social e de justiça.
Mário Tavares
Imagem Google
1 comentário:
Muito oportuno, verdadeiro e incisivo como sempre, o P. Tavares. Gostaria de saber se posso transpor o texto para o meu blog.
Depois de saber algumas nomeações do Regime jardinista para Outubro, essa das "amantes" e dos interesses, é a pura das verdades. Muito bom.Bom demais para não ser divulgado.
Bem haja
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