Comentário à missa deste domingo...
1. A festa da Transfiguração do Senhor,
já era celebrada no oriente no Séc. V, chegou ao Ocidente por volta de 1457.
Está antes do anúncio da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, porque serve
para preparar os seguidores de Jesus para a compreensão desse mistério. Com a
mesma ideia a Igreja celebra esta festa 40 dias antes da festa da Exaltação da
Santa Cruz, que se celebra a 14 de setembro de cada ano. A Transfiguração, é
uma teofania que manifesta a dimensão divina que está em Jesus, é uma glória
que se confirmará e iluminará de fé e esperança a noite da Páscoa, com a
Ressurreição de Jesus. Todos os que olharem com os olhos da alma e verem Jesus
como «servo de Deus» e «Filho de Deus», não poderão esquecer que Ele é de condição
divina. Veio ao encontro da humanidade, para fazer mergulhar a condição humana
nessa Sua condição de divina. É isso que somos hoje, condição humana, mas
também com Jesus e por Jesus, condição divina.
2. A visão de Daniel, revela a história
segundo o olhar de Deus. Estão aí os impérios e os opressores, mas o plano de Deus
é o mais seguro, não falha, porque assenta na justiça e na paz. Ele será o
juiz, que vai avaliar as ações humanas e vai resgatar toda a realidade humana
que não esteja dentro do seu projeto de felicidade. Perante os reinos terrenos,
o ancião, do livro de Daniel confia o Reino de Deus a um misterioso «filho de
homem» que vem sobre as nuvens. É um homem semelhante a todos os demais homens,
mas é de origem divina. Jesus no Evangelho sempre se identificará com esse «filho
de homem», permitindo assim confirmar-se Nele a visão de Daniel.
3. A carta de São Pedro, assume que os
apóstolos de Jesus são os principais portadores do acontecimento da
Transfiguração, porque viram e ouviram a glória divina que em sublime teofania
proclamou «o Filho muito amado do Pai», Jesus, o Mestre de Nazaré. Porém, a
palavra antiga anunciada pelos profetas continua a ser «uma lâmpada que brilha
num lugar escuro», até ao dia em que Cristo virá com a sua glória e se tornará
luz eterna para toda a humanidade. Por isso, o anúncio de Jesus Transfigurado é
o alimento da nossa fé e justifica o sentido da esperança, neste mundo
carregado de desafios e contingências nem sempre fáceis de suportar. A luz de
Deus deve brilhar no coração de cada pessoa que se move pela fé e pela
esperança, para que todas as trevas do dia a dia, sejam dissipadas do coração
de tanta gente que mergulha no desespero e na fatalidade da falta de amor e de justiça.
Um sorriso, um aperto de mão, um pão partilhado, uma palavra de perdão, um
conselho, uma festa convívio fraterno e tantos sinais onde cada um pode ser a
diferença.
4. A Transfiguração, é a
glória de Deus manifestada em Jesus como sinal de que Ele é o Filho de Deus,
Servo Sofredor, pela salvação da humanidade. Jesus além da Sua identidade
humana, tem também uma identidade sobrenatural. Moisés e Elias, aparecem neste
momento da Transfiguração, porque foram testemunhas de um êxodo distinto do de
Jesus, mas semelhante na fidelidade absoluta a Deus. A Transfiguração, a manifestação
divina, ilumina o caminho terreno, que envolve Pedro e os seus companheiros,
que foram tomados pela nuvem (a nuvem simboliza a presença divina). Pois, serão
eles, Pedro, Tiago e João, que recebem a luz resplandecente, que a voz confirma
ao proclamar a identidade de Jesus. É Ele, o «Filho do homem», mas é também o «Filho
de Deus», que está no meio de nós, para nos confirmar na fé e na esperança, dizendo-nos
que não somos deste mundo, mas pertencemos ao Reino da luz eterna de Deus.
Assim, devemos proceder transfigurando o mundo e a vida à nossa volta, para que
todos possamos sorrir na paz, na luz do amor e no fermento da fraternidade.
Estes são os sinais transfiguradores que podemos oferecer à nossa vida para o
bem de todos.
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