Não diria melhor. Paulo Victória, in imissio. net
Nos últimos meses as notícias tristes têm-nos invadido
diariamente. A lista é enorme: refugiados que morrem à procura de uma vida sem
guerra e fome; cristãos perseguidos e mortos pelo estado islâmico; atentados
terroristas nas nossas cidades tão bem "organizadas e serenas";
acidentes; incêndios e agora, o roubo de armamento militar... Perante tudo isto
é possível uma esperança cristã?
Ainda é possível esperar? Enquanto aumentam o número
de vítimas de redes terroristas e conflitos absurdos é possível ser sinal de
esperança? É possível continuar a acreditar num futuro melhor, quando o próprio
Estado não consegue socorrer os seus cidadãos, no caso dos incêndios ou
protegê-los, salvaguardando o seu próprio armamento? De que forma?
Reacender a esperança naqueles que mais sofrem é nosso
dever enquanto cristãos. Não existem receitas feitas. Ao ver a morte de tantos
familiares ou de tantos habitantes da mesma aldeia, o que nos
"assalta" é o sentimento de impotência e consequente falta de coragem
para dar uma palavra de ânimo.
Aliás, o que mais detesto é ver um padre ou um cristão,
com um discurso cheio de presunção de quem sabe tudo e tudo justifica. Parecem
os amigos de Job:
«Vós não sois senão embusteiros, todos vós meros
charlatães. Se, ao menos, calásseis, tomar-vos-iam por sábios! Pensais defender
Deus com linguagem iníqua e com mentiras?» (Job 13, 4.5.7)
Na casa da dor todos devemos entrar na ponta dos pés e
em silêncio! Nada de frases feitas! Nada de receitas que resultaram com outros!
A esperança cristã não é um ansiolítico! A esperança cristã não é uma anestesia
local ou geral! A esperança cristã não é uma receita de culinária! O silêncio e
a companhia, a presença e a compaixão deve ser aquilo que nos move para o irmão
em sofrimento.
Perante a dor, o sofrimento e a morte, a fé deve-nos
direcionar para a Páscoa de Jesus. Deus é salvador até na nossa morte, tal como
na morte do Seu Filho. A esperança iluminada por esta Ressurreição força-nos a
não desistir de acreditar na vida, e assim, dar sinais otimistas ao mundo e a
todo o ser humano.
A esperança cristã é dom de Deus e fruto da comunhão
com Ele e com todo o ser humano. E todos somos chamados a receber este dom. Só
assim é que podemos continuar o nosso caminho sobre esta terra, levando com fé
e compaixão, o sofrimento e a dor de tantas tragédias, espalhando sementes de
amor e alegria.
Paulo Victória
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