Na entrevista que o novo
bispo do Funchal, Nuno Brás, concedeu à Voz da Verdade, órgão de informação da
Diocese de Lisboa, após a sua nomeação para bispo da Diocese do Funchal,
proferiu a seguinte frase: «Procurar que a vida cristã ali (na Madeira) seja
incrementada» (Lisboa, 12 Janeiro de 2019).
Pelo mote desta frase
vamos desbravar um pouco uma singela leitura de quanto ela trás de positivo e
quanto pode ser marcante quanto às novas iniciativas pastorais que inspirem
este desejo. Se assim não for podemos estar diante de um engano ou houve
fuga da boca para a verdade irrefletidamente, porque a frase até está da
seguinte forma: «vou para o Funchal sem ideias pré-concebidas, procurando
conhecer a realidade da Diocese e depois procurando também que a vida cristã ali
seja incrementada. Que continue como ela está e, mesmo, mais viva». Enfim, permitam-me que pergunte, será também uma leve picardia inconsciente contra a ação dos seus “amigos” que o precederam? - Muito bem, adiante...
A Ilha da Madeira está
a derramar pelas beiras de catolicismo na fronteira do populismo rasca, que em
muitos momentos naqueles sobejamente referenciados 500 anos da Diocese marcaram
o povo da Madeira para o bem e para o mal.
Por isso, não se
descarte as muitas ocasiões onde imperou o mal, sempre o mal contra os mais
frágeis em benefício de mordomias e benefícios para os poderosos. Sim, somos
enfermos, quase moribundos da falta de Cristianismo. A instituição católica da
Madeira sempre que enveredou pela lógica pura e dura do poder na mão de alguns,
esqueceu os Evangelhos e, particularmente, descartou o protagonista desta
sublime narrativa, Jesus Cristo.
Sabemos de bispos
senhores absolutos que ditavam as regras, perseguiam e mandavam calar quem
incomodasse as suas vidas principescas, sabemos de um clero rei e senhor das populações
que ditavam as regras, intervindo bem e mal descaradamente na vida privada das
pessoas em geral.
Sabemos das pregações do medo do inferno e da condenação
eterna contra os escravizados pelos poderosos que tomavam de assalto a terra e
o pão do povo miserável e simples desta terra.
Sabemos mais recentemente de uma
pastoral toda ela marcada pelo “casamento” entre o poder do tempo e do templo. As
pregações exaltadas pelos salvadores da pátria, Salazar e entre nós o Alberto
João e o seu PPD.
Sabemos da exclusão de padres e leigos que reclamavam que
seria melhor a luz do Evangelho do que a lógica dominadora dos poderosos deste
mundo.
Sabemos que quem destoava do pensamento único, se reclamasse a opção
pela atenção à cultura, aos pobres e aos que estão fora das redomas das igrejas
seriam saneados ou estrategicamente ignorados.
Sabemos e vimos uma pastoral
totalmente voltada para o marianismo exagerado e as devoções populares, muitas
delas desafinadas de Jesus Cristo. Uma pastoral da ignorância e sem qualquer
vontade de colocar as pessoas a pensarem pela sua própria cabeça. Vimos uma
Diocese de privilegiados que podem tudo, podem saber de tudo e os outros totalmente
marginalizados.
Neste sentido, temos
que reconhecer e embalar pela constatação do novo bispo do Funchal, falta-nos
Cristianismo. Este capítulo pode e deve ser preenchido com esta frase e ponto,
falta-nos em toda a linha Jesus Cristo e o Seu Evangelho. Não falta terreno
entre nós a requer sinais concretos que nos façam ver e perceber por onde passa
Cristo.
Nesta linha de
pensamento sabe bem quando alguém começa precisamente por alertar esse fato,
reconhecendo que nos falta cristianismo e que vai precisamente começar a sua
missão por esse caminho. O ideal é o mais elevado, a oposição será gigantesca.
Basta-nos observar as malhas que tecem toda a oposição ao Papa Francisco, que
começou precisamente pelos que estão dentro, cardeais, bispos e padres.
Toda a tarefa que
comece e acabe por aqui, o Cristianismo, encontra séria oposição, ainda mais em
lugares habituados a escravizar, sanear e caluniar pessoas, quando ao mesmo
tempo acendem velas aos santinhos e a Nossa Senhora. Por isso, neste capítulo
não auguro bons auspícios para quem chega imbuído deste desejo, quando se sabe
que o terreno está minado pela inveja, a maledicência, a intriga, o descarte e
todas as formas de domínio de alguns sobre os demais, que carateriza tão bem a ilha da
Madeira. As maldades contra os animais, o racismo ou intolerância sobre os que regressam da Venezuela e os índices de violência doméstica, são bem
reveladores...
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