A opinião
é do teólogo italiano Vito Mancuso, ex-professor da Università Vita-Salute San Raffaele, de Milão, em artigo publicado
no jornal Avvenire, 27-10-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto:
«não se trata simplesmente do fato de que a
humanidade é "um pau torto" (o que que muitos enfatizaram em todos os
tempos), mas muito mais radicalmente do fato de que tal "tortura" se
deve a um pecado do primeiro homem e de que tal pecado se transmite nas suas
consequências a todos os seres humanos, que, assim, nascem pecadores pelo
simples fato de nascerem, como afirma o Tridentino, com o dito de
que o pecado é "propagatione,
non imitatione, transfusum", isto é, não depende da liberdade,
mas sim da natureza, reconhecendo o pensamento do tardo Agostinho para o qual
toda a humanidade era uma massa condenada.
Contra
tal dogma, eu defendo que o centro do cristianismo nos impõe a considerar que
não existe nenhuma inimizade entre Deus e o bebê que nasce, e que, portanto, o
dogma do pecado original deve ser reescrito em termos de "caos"
original, entendendo com isso a condição humana necessitada de disciplina por
causa da obscura força destrutiva que ela pode ter.
Eu
defendo, em outras palavras, que o centro do cristianismo consiste em tal laço
entre Deus Pai e a humanidade a ponto de tornar insustentável a ideia de que os
homens são pecadores aos olhos de Deus pelo simples fato de serem homens, ideia
que eu considero uma ofensa à criação e à paternidade divina. E, com isso, eu
considero que não se torna vão de modo algum o drama do mal e do pecado, mas
apenas se evita uma falsa solução para ele».
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