Um homem foi recolher água a uma fonte, límpida e transparente, no centro de um pequeno bosque densamente arborizado, tão cheio de árvores e arbustos que ele quase sentia dificuldade em ver o chão onde colocava os pés na vereda por onde caminhava, porque a sombra das plantas era tão densa que parecia escurecer a claridade do dia.
Quando chegava ao local da
fonte, antes de mergulhar a bilha na pequena lagoa que ali se formava, ponha-se
a contemplar o maravilhoso espelho que a água formava. Os seus pensamentos
vagavam pelo mundo inteiro e pela sua vida toda. Pensava na sua mulher e nos filhos,
nos pais e em todos os seus familiares. A paz que este momento lhe
proporcionava era de tal forma indescritível, que ele perdia-se no tempo e
sentia que cada vinda à fonte se renovava como os seus devaneios. Pois esta
terapia revigorante da água proporciona-lhe contemplar naquele maravilhoso
espelho oferecido pela água, o que tinha sido e o que podia vir a ser a sua
vida.
Por fim, quando chegava a
ocasião mergulhava a bilha completamente dentro da água até que se enchesse
totalmente. Após isso levantava a sua bilha até a assentar nos ombros e assim
regressava para casa, revigorado e animado para perseguir os seus sonhos com
alegria e suprir com esperança os seus desejos.
Num determinado dia, ao
chegar à fonte, a água estava suja e cheirava muito mal à volta da lagoa de
onde tirava a água. Ao deitar os olhos sobre o fio de água que escorre das
pedras de onde vinha o pequeno fio de água para alimentar a sua pequena lagoa,
estava morto um animal em estado avançado de putrefação e quando se aproximou dele,
reparou que o bicho tinha sido morto cravejado de balas.
Sentiu uma dor enorme e
chorou com amargura.
Porém, mais recomposto pelo
desagradável achado, meditou deste modo, a natureza foi feita para conviver
harmoniosamente na sua diversidade e oferecer saúde e paz aos homens. Mas, no
meio da humanidade persistem uns que preferem a desordem e o desequilíbrio
ambiental. Estão contaminados pela loucura e pela cegueira. A sabedoria e a
felicidade caminham juntas, não é destruindo e matando que se chega lá. E se ao
menos não formos capazes de construir, que sejamos imperiosamente capazes de respeitar
o que existe à nossa volta, particularmente, os bens da natureza.
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