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segunda-feira, 4 de abril de 2022

Tempos de guerra tempos de paz


É a hora de pensar na paz. Hora de renunciar ao acessório que tanto nos consome por dentro e por fora. Vejo tanta coisa supérflua a arruinar as vidas dos povos, das nações, dos grupos, das instituições, das famílias e a vida de cada pessoa individualmente. É a hora de pensar nas vítimas de um mundo desestruturado, que além de terramotos violentos, inventa guerras fratricidas que destroem e interrompem a dignidade da existência, destroem o equilíbrio do Planeta e votam à miséria milhões de vidas humanas.

A família precisa de tornar-se o laboratório onde se aprende/ensaia a lutar contra o egoísmo, a indiferença diante das situações dolorosas dos outros.

Aos cristãos compete serem sempre pelo lado do bem, a liberdade, a fraternidade. Há bons e maus em todo o lado. Por isso, também deve haver possibilidade de salvação, de redenção e de fraternidade em todo o lado.

O padre Gratry, um sacerdote francês que dedicou a sua vida à causa dos pobres, diz no seu livro «As origens» este pensamento em forma de pedido ao mundo inteiro: «Uma só coisa peço ao mundo dos nossos dias: uma vontade decidida de abolir a miséria.» O fim da miséria do mundo, seria logo meio caminho feito, para se ter descoberto imediatamente o bem-estar dos povos.

Facilmente andamos esquecidos da miséria dos outros, é uma defesa que alimentamos, uns para não fazerem nada, outros para não sofrerem e cada um usa o seu intelecto como melhor lhe dá jeito. Mas, lembro-me sempre de uma palavra que uma vez me disse uma moradora da rua, «hoje sou eu, amanhã pode ser qualquer um».

Esta palavra tem-me servido de alerta, perante todas as situações de pobreza, de doença, de velhice, dos deslocados da guerra, do tráfico humano e diante de todas as misérias que este mundo nos oferece, infelizmente, com muita abundância todos os dias. Hoje são eles, amanhã pode ser eu. É duro pensar isto e mais ainda dizê-lo, mas pode ser um antídoto que ajude a combater a facilidade com que caímos na indiferença e o esquecimento perante a dor dos outros.

Somos os braços de Deus no mundo. Mas sempre esquecemos isso e tantas vezes utilizamos esses braços para censurar, criticar ou para cada um se vangloriar das inúteis mediocridades que dão algum prazer momentâneo. As vaidades são um veneno corrosivo nas nossas instituições atais. E há tanta gente com poder, meios suficientes e oportunidades fabulosas para serem a voz dos injustiçados, miseráveis que não têm voz, dos mesmos que são explorados a todos níveis todos os dias. Enfim, esquecem que o poder que lhes foi dado seria para esse fim, mas preferiram trair Deus, optando por mordomias, benesses e comodismos frívolos.

Tempos de guerra chamam por tempos de paz. Que este horizonte, mesmo que pareça uma utopia, não nos esmoreça, mas nos desperte cada dia para a luz do que importa mesmo, para que em nenhum momento tenhamos que responder por termos sido autênticos traidores.

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