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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo V Tempo da Quaresma
10 de Abril de 2011
A ressurreição de Lázaro
A ressurreição. Um mistério. Uma fé. Uma proposta de esperança para a vida. Porque resulta do amor vivido até ao extremo e de uma radical entrega a uma causa de salvação do mundo caído na desgraça do egoísmo e do ódio.
Parece esquisito, mas vou dar-vos um exemplo de ressurreição a partir de uma telenovela. Coisa muito apreciada por todo o lado. O canal Sic transmitiu uma telenovela brasileira com o nome muito sugestivo e interessante, «Esperança», assim se chamava. Nos últimos capítulos do enredo a personagem Justine às portas da morte, magistralmente interpretado por uma actriz muito conhecida, mas que não sei o nome, dá-nos um exemplo fabuloso do que é a redenção e de como a vida só tem sentido quando acolhida com amor.
Justine é uma prostituta apaixonada por um jovem advogado chamado Marcus. A sua vida foi uma caminhada de miséria e de muito sofrimento. Justine dirige um Cabaré ou casa de prostituição, frequentemente apelidado de «antro de perdição» e de «postíbulo». Mal sabíamos nós que estava prestes a emergir deste lugar imundo um testemunho extraordinário de esperança.
Uma doença grave de pulmões e a descoberta do amor conduz Justine aos braços do seu jovem amante que também manifesta muito amor ela. A descoberta do amor liberta Justine da vida miserável que até então levava. Juntos alugam uma casa no campo com a esperança que o ar puro alivie a sua dor e até a cure da doença. Porém, a mãe do jovem advogado interfere na relação paradisíaca e consegue separar os dois. Justine abandona o campo, regressa ao «Antro de perdição», para que Marcus a odeie e que se liberte do amor por uma prostituta desprezível. Justine cumpre a promessa que faz à mãe de Marcus, que desempenha o papel da sociedade.
Uma mulher severa e conservadora, exprime o que pensa hipocritamente a sociedade. A mesma sociedade que promove os «antros de perdição» ao mesmo tempo os condena e despreza às trevas todos os que a eles estão ligados mesmo que desejem voltar à vida. A redenção para determinada forma de vida não acontece aos olhos da sociedade.
Justine desprezada por todos mesmo até pelas amigas e companheiras, acaba num quarto de porão. Aí nos braços de Marcus, o seu amado, agoniza às portas da morte. Nesse momento, depois de olhar para a sua vida miserável, apenas deseja partir feliz porque soube o que era o amor. Justine pergunta: «Quantas pessoas podem fechar os olhos e partir sabendo o que é o amor?»
De facto, esta lição de vida nem todas as pessoas a podem dar. É surpreende descobrirmos que da miséria que a vida oferece pode emergir a redenção. A ressurreição que de Lázaro é esse sinal forte de que a vida não tem sentido nas trevas. Dizia Justine: «Quem vive nas trevas não conhece o amor». A sua vida marcada pela entrega ao não amor são umas trevas terríveis que não permitem o brilho da luz do sentido da vida.
Na hora da morte justine aludiu a uma frase que a sua mãe lhe dizia frequentemente: «Nascemos e renascemos muitas vezes ao longo da vida». Depois, acrescentava que não sabia se seria exactamente assim. Porém, a sua morte acolhida na esperança de que tinha conhecido o amor manifestou e ensinou-nos que a vida vivida no amor é a única forma de nascer e renascer constantemente. A ressurreição é isso mesmo.
A ressurreição de Cristo é esta luz que ilumina as trevas, os túmulos onde se esconde a dignidade e a vida de tanta gente mergulhada na escaravidão e miséria deste mundo. Mas, a miséria da vida e a fronteira da morte são um nada diante da grandeza do horizonte de felicidade do amor que Jesus faz acontecer. A ressurreição identifica-se com redenção e com amor. Mais uma vez deixemos a vida renascer à luz de Cristo vivo que em cada hora torna novas todas as coisas.
JLR

2 comentários:

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Padre José Luís outro texto magnifico que embaraça-nos todos os que vivem as e nas intempéries do mundo actual. O Evangelho tudo reabilita e perdoa.Lembro-me de ler o Pe.Abel Varzim, certamente,nunca irá para os altares,porque foi o apóstolo , o pai de todas as que que eram excluídas da sociedade puritanista, moralista, hipócrita, mas fabricadora da venda destas carnes humanas, em que o exímio escritor católico Gilbert Cesbron tinha um livro a "escravatura sexual branca". Falavra ele na prostituição. Realmente ressuscitar é ter uma vida nova, tal como Jesus nos deu e a concebeu. Mas o mundo das trevas vive permanentemente na cruz, no sepulcro. Não quis ouvir o dizer magestático do anjo "O que procurais? "Ele já não está aqui, RESSUSCITOU!" E, curiosamente, que foram as mulheres as portadoras dessa Primeira Eucaristia. A da Noticia.Mas a igreja católica continua a querer que as eucaristias sejam feitas (não celebradas) por homens, varões.E ficamos nós sp no sepulcro, nas noticias trists. A mulher é sp novidade pq dá LUZ.Está sp a parir um mundo novo .Cada um de nós, nascidos de mulher, somos portadores desse Mundo Novo.O da Ressusrreição! Vem, Senhor Jesus!

M Teresa Góis disse...

É bom passar os olhos por aqui e vislumbrar a palavra de Esperança, a promessa de Ressurreição.